Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

SCOTT PILGRIM VS. THE WORLD (2010)




O ano de 2010 tem sido bondoso comigo. Não me tem trazido uma grande quantidade de maus filmes, tem-me proporcionado algumas surpresas agradáveis (“I Am Love”, “Dogtooth”, “Fish Tank”, “Kick-Ass”, “Animal Kingdom”, “Winter’s Bone”, “The Kids Are All Right”) e os grandes filmes têm correspondido às expectativas (“Inception”, “The Social Network”, “Toy Story 3”, “The Ghost Writer”, “The Town”). “Scott Pilgrim vs. The World” vinha, por isso, com a enorme responsabilidade de continuar esta senda positiva. Felizmente para mim, o filme surpreendeu-me e deu-me muito mais do que o que lhe poderia pedir.


Se querem imaginação à solta, se querem poderio visual, se querem estética apurada, se querem diversão aliada a inteligência, se querem qualidade acima de quantidade, chamem Edgar Wright. Não percebo como é que mesmo depois de “Hot Fuzz”, “Shaun of the Dead” e de “Scott Pilgrim vs. The World”, o homem não tem livre arbítrio e um orçamento avantajado para fazer o que bem lhe apetece.


“Scott Pilgrim vs. The World” é baseado na série de seis volumes de arte gráfica (BD, se preferirem) de Bryan Lee O’Malley, que conta a história de um rapaz, Scott Pilgrim, de 23 anos e da sua luta para conquistar o amor de Ramona Flowers, “a” rapariga da sua vida, tendo para isso que derrotar os seus sete ex-namorados. Sim, leram bem, derrotar, em batalha, os seus sete ex-namorados. Uma batalha ao bom jeito de videojogo, com pontuação, com vidas extra, com efeitos visuais espectaculares e com sons e ruídos alucinantes. Uma coolness irresistível. 


Todavia, não é só à conta disto que o filme é excelente. Também para as contas entra um elenco sem pontos fracos. Tudo bem que a grande maioria das personagens é claramente unidimensional, mas todos os actores conseguem aproveitar o que têm e acrescentar-lhes um colorido que, no meio de um ambiente tão interessante de explorar, de observar, de presenciar, as torna fascinantes de seguir. Michael Cera era, sem qualquer sombra de dúvida, a melhor escolha para o papel de Scott. Ele encarna a personagem na perfeição, até na maioria dos seus tiques e dos seus quirks, vivendo e respirando o Scott Pilgrim. Mary Elizabeth Winstead (Ramona), Allison Pill (Kim) e Kieran Culkin (Wallace) também merecem a ressalva, por tornarem as suas personagens tão infinitamente impressionantes e interessantes quanto a sua caracterização no romance gráfico prometia. A presença dos “grandes nomes” Anna Kendrick, Brie Larson, Brandon Routh, Jason Schwartzmann e Chris Evans pouco acrescentam, em papéis algo pequenos. Finalmente, chegamos à minha personagem favorita: Knives Chau (Ellen Wong). Wong é notável num papel imensamente suculento, de facto e transforma o triângulo amoroso que envolve Scott Pilgrim em algo de muito especial e cómico de acompanhar.


Falta aqui uma palavra sobre a extraordinária banda sonora, que também acrescenta pontos extra de coolness a tudo o resto, com Beck a fornecer um pano de fundo apropriado para as entusiasmantes cenas de acção e em particular para as cenas que envolvem a banda de Pilgrim, Sex Bom-Omb.


Esta união de qualidade na história, na forma de contar a história, nas interpretações, na inventiva fotografia e edição e na banda sonora transforma uma adaptação de BD com muito potencial mas sem se levar muito a sério num dos melhores filmes do ano. Este filme pode ser cool, pode ser sofisticado, pode ser jovem, mas consegue ter o que poucos filmes que virão de Hollywood este ano terão: alma e alegria.



Nota Final:
B+

Trailer:





Informação Adicional:
Realização: Edgar Wright
Argumento: Edgar Wright, Michael Bacall
Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Brandon Routh, Chris Evans, Jason Schwartzmann, Brie Larson, Ellen Wong, Kieran Culkin, Anna Kendrick, Mark Webber, Johnny Simmons, Aubrey Plaza
Fotografia: Bill Pope
Banda Sonora: Nigel Godrich