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DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

STILL ALICE* (ou o filme que deu o Óscar à Juli)

Há três anos escrevi um dos artigos mais visitados no antigo estaminé sobre esta maravilhosa artista que é Julianne Moore. Na altura disse:

"Uma actriz sem nada mais a provar, JULIANNE MOORE continua a mostrar, ano após ano, mesmo aos cinquenta e dois anos, por que razão é considerada uma das maiores actrizes da indústria e, diria até, de sempre."

 

Hoje reitero este apreço que tenho por ela, que mais dois anos volvidos, juntou ao seu naipe de cartas as interpretações em "Game Change" e sobretudo este ano em "Maps to the Stars" e "Still Alice", pelo qual futuramente será coroada como melhor actriz de 2014. Alice Howland, Havana Segrand, Cathy Whitaker, Laura Brown, Linda Partridge, Barbara Baekeland, Sarah Miles, Amber Waves, Marian Wyman, Carol White. Além de brilhantes retratos de mulheres especiais, todas partilharam a alma com a atriz que lhes deu vida: Julianne Moore, que faz o seu trabalho parecer espectacularmente fácil.

 

 

Não é fácil atravessar a ténue linha entre a farsa e a naturalidade quando se interpretam personagens com deficiências ou doenças. Julianne Moore fá-lo com a simplicidade e a precisão com que consegue tudo o resto. A sua Alice é indescritível, única, completa. Um ser humano com uma vitalidade e uma clareza que só uma actriz de imenso gabarito a poderia envolver de tanto amor, tanto afecto, tanta coragem, tanta solidão. A sua Alice tem uma vida cheia - e nós só a conhecemos já ela está a terminar. Um espírito imenso, inquebrável pelo declínio irreversível e fulminante provocado por esta terrível doença. 

 

Quando a abandonamos, Alice já quase não é "Alice" e o silêncio que perdura vale mais que mil palavras de um diálogo, deixando-nos visivelmente destroçados. A última vez que me senti tão comovido por uma interpretação que envolve esta magnitude de transformação física e psíquica envolvia uma octagenária (Emmanuelle Riva) no seu último suspiro de vida. Também aí o coração parte-se-nos ao ver uma mulher outrora independente e presente desaparecer perante os nossos olhos.

 

 

A profunda tristeza que nos assome é mais do que natural - o sufoco e desespero que Alice sente ao ver toda a sua história, todas as suas memórias, tudo aquilo que faz ela ser o que é, passa para o lado de cá do ecrã como uma valente bofetada. No bom sentido.

 

Compassivo, sensível e doce, "Still Alice" é um filme modesto, pequeno, com um objectivo muito bem definido, no qual sucede admiravelmente. Competentemente realizado, fotografado, editado e interpretado, poder-se-ia ambicionar que o filme quisesse mais para si próprio. Abordar melhor o papel do cuidador, as emoções e as tribulações que atravessam a cabeça do marido e dos filhos de Alice. Focar-se mais em outras pessoas em redor de Alice que não a sua família directa. O mundo parece fechado em "Still Alice" - e dado que Lisa Genova, autora do livro, procurava mostrar o lado do paciente, é mais que natural. O filme, seguindo o mesmo rumo, acaba por nos propiciar um verdadeiro espectáculo a solo de Julianne Moore. Penso que ninguém se terá importado.

 

Uma menção final para Ilan Eshkeri. Trabalho sólido há anos, a merecer subida de escalão para as grandes produções.

 

 

 

 

[Caça ao Óscar]: Montanha Russa

A Caça ao Óscar é uma nova rubrica (que espero lançar todas as segundas) em que discutimos as movimentações, qual tabuleiro de xadrez, na corrida aos principais prémios - sobretudo os Óscares da Academia.

 

Estamos num ano de corrida aos Óscares bastante interessante. Bem, quer dizer, se excluirmos a previsibilidade de Julianne Moore ser coroada melhor actriz (e até que enfim, bem merece ela um ano de rolo compressor), bem como J.K. Simmons e Patricia Arquette limparem tudo o que é prémio à face da Terra. Arrumando esses três troféus que estão, de facto, já resolvidos, a situação adensa-se, com a atribuição dos Screen Actors Guild (SAG) e dos Producers Guild Awards (PGA), os prémios dos actores e dos produtores, esta semana, a darem umas pinceladas de mistério a duas corridas que pareciam decididas. Eu sei que parece pouco, mas com a Academia, é gigante.

 

 

O Eddie Redmayne, assim devagarinho, vai arrancando o troféu das mãos do Michael Keaton. Parece impossível, pensam vocês, como é possível um veterano actor tão respeitado como o Keaton não ter a estatueta quase garantida. Pois. É que o pintarolas do Redmayne é britânico (pontos bónus instantâneos - ou não fossem os SAG lembrar-nos ontem que ainda passa na televisão Downton Abbey, tal a obsessão que os americanos têm com o reino de sua Majestade), tem charme na carpete vermelha (coisa em que o pobre do Keaton já não se safa) e faz de Stephen Hawking - que, caso não saibam, é uma pessoa viva (mais pontos), famosa (mais pontos), com uma deficiência/doença grave (pontos infinitos). As contas não estão muito favoráveis para o antigo Batman, não é verdade?

 

A situação até parecia bem encaminhada: cada um levou o seu Globo para casa, depois um Critics' Choice para o Keaton e parecia que os SAG também iam tombar para o Keaton (actores a premiar actores, seria natural que aquele que trabalhou com mais gente na sala ganhasse) e os BAFTA iam coroar o Redmayne, levando a corrida até ao fim. Ora que os SAG, tão dados a seguir a corrente (ou não), premiaram o Redmayne. Resta-me dizer que 17 dos últimos 20 vencedores do SAG levaram o Óscar para casa, os últimos dez consecutivamente (incluindo moços como o Jean Dujardin). Logo... Pobre Michael Keaton. É possível recuperar? Bem, eu acho melhor o Eddie começar a preparar o discurso...

 

 

A outra grande reviravolta na corrida que saiu dos SAG ontem à noite foi a vitória de "Birdman" para melhor elenco. À partida, não quer dizer nada ("American Hustle" venceu em 2013, por exemplo; "The Help" em 2012). Mas se juntarmos a vitória nos PGA começa a cozinhar-se aqui algo de interessante. É que com isto tanto "Boyhood" como "Birdman" têm um precedente peculiar que se coloca contra eles na corrida - e para um deles ganhar, vão ter que quebrar recorde. 

 

"Birdman" será, vencendo o Óscar, o primeiro filme em 26 anos (desde "Ordinary People") a vencer o prémio sem nomeação para melhor edição (uma das categorias da parte inicial dos Óscares que costuma indicar qual o vencedor; uma espécie de boost das apostas, se quiserem). "Birdman" tem ainda a agravante de ter perdido o Globo (para "Grand Budapest Hotel") e o Critics' Choice (para "Boyhood"). Há uma semana atrás estava arrumado. Agora, parece muito em jogo. Game point: Boyhood.

 

Mas esperem lá: o PGA normalmente alinha sempre com o vencedor do Óscar, só não o tendo feito em 3 anos (2003-2006) nas últimas décadas. E o PGA é o único precursor, como o Óscar, que é votado por boletim preferencial. Se somarmos o SAG, a percentagem de acerto ainda cresce mais. "Boyhood" seria o primeiro filme desde "The Departed" a vencer o troféu sem vencer o PGA. Estou a ver um "The Social Network"-gate a repetir-se. Game point: Birdman.

 

Ficamos à espera do que o DGA e os BAFTA ditarem. O primeiro, apesar de ser o prémio dos realizadores, consegue ser o melhor precursor para adivinhar o Óscar de melhor filme (uma ironia parva, a meu ver). Os segundos adoram ser patriotas por isso não se admirem de ver "The Imitation Game" fazer um saque nas categorias quase todas, salvo Redmayne.

 

O que ao menos me deixa contente é que se a corrida for entre "Birdman" e "Boyhood", todos ganhamos. São duas grandes conquistas por parte dos respectivos realizadores. Um deles um empreendimento brutal construído do nada ao longo de doze anos, uma experiência vital e efervescente do que é o cinema independente norte-americano. O outro uma quase obra-prima de um realizador na plena posse das suas capacidades, que englobando um elenco de luxo constrói uma lição sobre o narcissismo e espírito crítico do ser humano e do seu infinito potencial para se reinventar e ultrapassar obstáculos. Nenhum é o típico "filme de Óscar". Ambos me admiram conseguirem chegar a esta fase com aspirações legítimas a vencer. 

 

Eu só espero é que o "American Sniper" não venha arruinar os festejos. É que aquele pastelão do Clint já vai com 200 milhões de dólares ganhos na bilheteira. Já devia saber que o Dirty Harry não é para brincadeiras, mesmo aos 84 anos.

 

E o Óscar (não) vai para...



É sempre chato ser o perdedor. Ainda para mais quando se é consecutivamente. Always the bridesmaid, never the bride, como reza a expressão inglesa. Em tempos recentes, Meryl Streep era o exemplo consumado de uma perdedora nos Óscares: dezassete nomeações, venceu à segunda (1979) e terceira vez (a primeira como actriz principal, por "Sophie's Choice", 1982) e apesar de anos e anos de contínua excelência e interpretações de mérito, só trinta anos depois ("The Iron Lady", 2011) a sorte lhe voltou a sorrir. Outro exemplo clássico de tempos recentes foi Jeff Bridges, por muitos considerado o maior actor americano vivo, que recebeu a sua primeira nomeação em 1971 ("The Last Picture Show") e precisou de mais quatro e de chegar ao ano de 2009 para receber a sua primeira estatueta. Mais um exemplo comum é o de Kate Winslet, excelente desde que surgiu em "Heavenly Creatures" no princípio da década de noventa e nomeada pela primeira vez em 1995 por "Sense and Sensibility", levou mais de vinte anos de versatilidade e brilhantismo em diversas interpretações para, à sua sexta nomeação, conquistar o troféu tão ambicionado (2008, "The Reader").


Pego neste tema hoje porque estava a vasculhar artigos antigos que tinha guardado para futura memória e veio-me parar às mãos (metaforicamente, vá, porque no fundo, foi através de um clique de rato) este artigo de 2008 do Nathaniel Rogers do The Film Experience que especulava quem seguiria as pisadas de Kate Winslet a vencer um Óscar há muito já merecido. Adoro como o artigo e os comentários funcionam como uma cápsula do tempo de há cinco anos atrás e como tanta coisa mudou desde então. A lista de 2008 reflectia a proeminência, então, de Johnny Depp, que muitos cotavam como um vencedor óbvio a curto prazo. Também antevia que Streep vencesse novo troféu (o que acabou por acontecer) e a terceira aposta mais popular era curiosamente Ralph Fiennes (estupidamente roubado em 1993 por "Schindler's List"). Bridges era o quinto da lista, liderada no topo por Michelle Pfeiffer, a actriz preferida do Nathaniel, que faz uma defesa bastante fundamentada pelo título de actriz mais negada pela Academia. Curiosamente, da lista de 2008, três actores receberam nomeações (mas não os três que Nathaniel apostou): Bridges (que venceu e ainda conseguiu mais uma nomeação), Streep (que conseguiu um Óscar e outra nomeação) e... Annette Bening, nomeada em 2010 por "The Kids are All Right".


Volvidos cinco anos, é engraçado analisar estas premonições. Depp está a atravessar um momento inigualável de seca criativa na sua carreira, parecendo ter perdido toda a imaginação e originalidade que trespassava para as suas antigas interpretações. Terá estado perto de mais uma nomeação em 2009 por "Public Enemies" mas desde então nunca mais fez nada que merecesse consideração. Em 2009 também sucedeu o último ataque de Pfeiffer à estatueta. "Chéri" não resultou em nada. Fiennes virou entretanto realizador e também pouco mais se viu, desde que em 2008 voltou a ser ignorado tanto por "The Duchess" como por "In Bruges".  Ian McKellen e Joan Allen praticamente já não aparecem em filmes. Sigourney Weaver tentou a rota da televisão ("Political Animals") sem sucesso e continua esporadicamente a surgir aqui e ali, sem nota de destaque. Julianne Moore saltou também para o pequeno ecrã para ganhar um Emmy e um Globo de Ouro ("Game Change"), depois de ser negada mais uma nomeação em 2009 ("A Single Man") e outra em 2010 ("The Kids Are All Right"). Annette Bening é a única a trabalhar consistentemente com qualidade lado a lado com Moore.


Outra curiosidade na lista é de Nathaniel ter mencionado que Glenn Close tinha desistido de caçar um Óscar. Cinco anos decorridos e ela juntou mais uma nomeação ao currículo ("Albert Nobbs", 2011) e parece ter regressado para tentar de novo a sorte. Helena Bonham-Carter foi outra das menções honrosas de Nathaniel que também conseguiu mais uma nomeação ("The King's Speech", 2010) e esteve provavelmente próxima da vencedora (Melissa Leo, "The Fighter"). E da lista dos renegados da Academia ("Oscar poison"), dois conseguiram prémios e ambos na mesma categoria e consecutivamente: Christopher Plummer (2011) e Christian Bale (2010).

Depois desta introdução, expliquemos ao que venho: em 2013, quem seriam as vossas apostas para vencer um Óscar a curto prazo por já ter feito para merecer um? Por outras palavras, quem vai conseguir juntar a trifecta buzz, timing e body of work?

Cá vão as minhas dez escolhas.



Menção Henrosa (porque me esqueci dela):
Michelle Williams
Tem três nomeações, só uma delas por um trabalho Oscar friendly ("My Week with Marilyn"). Eu sou da opinião que ou consegue um papel que torne a vitória inevitável (tipo Natalie Portman, "Black Swan") ou então nunca vai ganhar, tudo porque ela não aceita papéis a pensar em prémios, prefere personagens difíceis e complicadas, o que lhe ganha admiradores fervorosos mas não faz a Academia gostar dela como gosta, por exemplo, de Amy Adams. A verdade é que desde 2005 que a moça trabalha a alta rotação: "Brokeback Mountain", "Shutter Island", "Wendy & Lucy", "Synecdoche New York", "I'm Not There", "Meek's Cutoff", "Blue Valentine", "Take this Waltz", "My Week with Marilyn". Vai ter de aceitar mais papéis como o próximo filme, "Suite Française", para ter possibilidade de vencer.




10. e 9. 
Michael Fassbender / Jessica Chastain
Criei aqui um empate, à batoteiro, para mencionar estes dois casos. O primeiro ainda nem sequer conseguiu uma nomeação, mas em termos de popularidade e aclamação crítica e afirmação no panorama cinematográfico estão, diria, mais ao menos taco a taco. Falemos de Fassbender primeiro. "Hunger" e "Shame" são vergonha suficiente para a Academia nem sequer ter tido lata de o nomear. Então pelo segundo filme é qualquer coisa de incrível. Pelo meio junte-se "Fish Tank", "A Dangerous  Method" e "Jane Eyre". Até filmes de género de qualidade ele fez - "X-Men: First Class" e "Prometheus". Do novo Malick, do novo McQueen ou do novo Ridley Scott há-de sair qualquer coisa, não? Agora Chastain. Duas nomeações em três, quatro anos de trabalho contínuo de grande qualidade (em 2011 tinha mesmo quatro, cinco interpretações dignas de nomeação, de "Take Shelter" a "The Tree of Life", de "The Help" a "Coriolanus"). Perdeu por pouco a corrida nas duas vezes que foi nomeada. É a menina querida dos cineastas "a sério" e junta a isso a admiração dos seus pares. Se continuar a este ritmo, a vitória não tardará muito.



8. Robert Downey, Jr.
Adicionem à mistura os ingredientes "rejuvenescimento", "reinvenção de uma carreira dada como perdida", "reabilitação muito aplaudida", "originador da fortuna recente da Marvel", "Sr. Tony Stark" (tão popular como Jack Sparrow no final da década de 2000), "vencedor do Globo de Ouro por Sherlock Holmes" e "nomeado ao Óscar por Tropic Thunder" e o que temos? Um actor que toda a gente quer ver ter sucesso. Bob, escolhe produzir para ti um filme daqueles em que sabes que podes reinar à grande - e o Óscar é teu. 



7. Viola Davis
Só pela humilhação que a Academia deve ter sentido de ter sido acusada de tirar a Viola Davis o Óscar por "The Help" para dar a Meryl Streep ("The Iron Lady") a mulher tem logo uns 100 pontos de vantagem na próxima vez que voltar à corrida. O difícil será conseguir um papel que a coloque em contenção. Será, contudo, só isso que bastará, porque só com uma interpretação titânica (pensemos Mo'Nique em "Precious") é que lhe vão arrancar o Óscar das mãos.



6. Brad Pitt
Três nomeações ("Moneyball" em 2011, "The Curious  Case of Benjamin Button" em 2008, "Twelve Monkeys" em 1995) não reflectem bem a enorme carreira deste homem. "Fight Club" e "Se7en" são óbvias e imperdoáveis omissões. Juntaria "The Tree of Life" e "Inglorious Basterds" à lista, mas poderia também citar "The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford", "Burn After Reading", "Snatch" e "Thelma and Louise" à lista de interpretações de elite. Brad Pitt pertence ainda a um clube especial da indústria, dos membros mais valorizados, como Clooney, DiCaprio ou até a sua cara-metade, Jolie. Também no caso deste é só preciso surgir um papel. Em 2011 esteve muito perto. Arrisco dizer que se a campanha de Dujardin não tivesse sido tão forte e seria ele e não o francês a roubar o Óscar a Clooney. Julgo que acabará eventualmente por vencer, seja como principal ou secundário.




5. Julianne Moore
"[safe]", "Boogie Nights", "Far From Heaven", "The Hours", "Magnolia", "The Kids Are All Right", "The End of the Affair", "Blindness", "Vanya on 42nd Street", "Saving Grace", "A Single Man", "Crazy, Stupid, Love", "Children of Men", "The Big Lebowski", "Hannibal", "I'm Not There", "The Fugitive", "The Hand that Rocks the Craddle", "Shipping News", "Cookie's Fortune" e "Psycho" de Van Sant. Disto tudo resultaram quatro nomeações. Continua a trabalhar com a dedicação, talento, versatilidade e excelência de sempre. Basta um papel certeiro. I rest my case.



4. Annette Bening
Quatro vezes nomeada, quatro vezes terminou em segundo lugar (não se sabe oficialmente mas suspeita-se). "The Grifters", "American Beauty", "Being Julia", "The Kids Are All Right". Duas vezes batida por escolhas consensuais (Portman em "Black Swan", Swank em "Boys Don't Cry"). E duas vezes batida por escolhas popularistas (Whoopi Goldberg em "Ghost" e Swank - a arqui-inimiga - em "Million Dollar Baby"). Tal como a moça acima, mantém o talento e a ambição intactas e apresenta frequentemente interpretações de luxo. Esperemos que algum ano tenha mais sorte, embora a personalidade distante e fria - de senhora sofisticada - seja um obstáculo difícil de ultrapassar. Os Óscares gostam mais das meninas bonitas e simpáticas. Que o diga Jennifer Lawrence.



3. Joaquin Phoenix
Um dos actores mais entusiasmantes dos dias que correm. Depois do fatídico ano de 2005 ("Walk the Line") e da sua segunda derrota dedicou-se a uma fase da sua vida mais experimental, não sem antes virar musa de James Gray (uma pena a Academia ter ignorado "Two Lovers" e "We Own the Night"). Voltou desse período conturbado com revigorada energia, virando a nova musa de Paul Thomas Anderson, que lhe rendeu nova nomeação e derrota este último ano ("The Master") e com nova produção a caminho ("Inherent Vice"). Este ano volta à corrida por "Her" e "The Immigrant". Será desta? Tal como Christian Bale, será mais um enfant terrible triunfador?



2. Leonardo DiCaprio
O mal amado. Tal como Kate Winslet, algum dia terá que ser a vez dele. E ao contrário de Winslet, o Leonardo sempre vai tentando produzir os seus próprios esforços, nunca se cansa, tem sempre mais que um projecto a sair e não se pode dizer que recorra sempre aos meus realizadores e tipos de papéis (se bem que a saga das personagens consecutivas com mulheres mortas e a atormentá-lo já enjoava). Nos últimos tempos foi de Scorsese para um blockbuster de Christopher Nolan, para um biopic de Clint Eastwood, para o mais recente êxito de Quentin Tarantino, para uma adaptação literária estilosa de Baz Luhrmann e de volta a Scorsese. Se isto não é variedade e pedigree, não sei o que será. Pecou pela juventude das três vezes que perdeu. A que mais doeu foi em 2004 ("The Aviator"). Tinha tudo para ganhar mas a Academia achou Ray Charles mais impressionante. Há-de chegar o dia (embora já me tenha passado pela cabeça que o Leo dava um bom "novo Peter O'Toole").




1. Amy Adams
"Junebug", "Doubt", "The  Fighter", "The Master". Sempre que ela esteve num filme popular com as massas ou com os críticos ou, pelo menos, num filme "à Óscar", ela foi nomeada. Pode-se dizer que foi ignorada por trabalho impressionante em 2007 ("Enchanted") mas a Academia nunca tocaria naquele filme nem por sombras. O amor que a instituição tem por ela, no entanto, bate fundo e parece não ter fim (quatro nomeações em apenas oito anos - 2005-2012 e das quatro vezes conseguidas a muito esforço - duas delas a par com uma actriz do seu filme - ou pelo menos assim parecendo mostram que a Academia gosta dela). Algum dia terá sorte. Será este ano com "American Hustle" ou "Her"? É que mesmo quando a moça tira um ano sabático para ter um filho, consegue manter-se sempre pertinente na indústria ("The Muppets" foi uma das grandes histórias de sucesso de 2011). Com o ritmo de trabalho dela, é uma questão de tempo até... lhe darem um Óscar ou esquecê-la de vez.


E para mais um Óscar, alguma aposta? Acho seguro assumir que Clooney, Streep, Seymour Hoffman, Winslet, Lawrence e Hathaway vão vencer mais Óscares. Mesmo Blanchett, Bale e Kidman, se bem que estes nem sempre façam filmes populares. Firth poderá repetir, dependendo do papel. O mesmo digo de Sean Penn, Russell Crowe, Tom Hanks e Denzel Washington. Dos veteranos, acho que DeNiro terá sempre boas hipóteses se - e é um grande se - quiser voltar aos grandes papéis (como este ano vimos, em "Silver Linings Playbook"), bem como as Dames Judi Dench, Maggie Smith e Helen Mirren porque são britânicas e essas trabalham para sempre. 

Isto, no fundo, não quer dizer nada. De repente, sem ninguém esperar, um actor arranja o papel de uma vida e lá chovem estatuetas e mais estatuetas. Quem diria que chamaríamos àquela simpática senhora nomeada por "Frozen River" em 2008 vencedora do Óscar? E quem apostaria que seria Sandy Bullock a ficar com o prémio de Melhor Actriz em 2009? E que Daniel Day-Lewis iria aproveitar um ano fraco para actores e ganhar um terceiro Óscar de Melhor Actor, juntando três prémios no espaço de 23 anos (1989, 2007, 2012) e pouco mais de dez papéis nesse tempo? E que de França viria um Jean Dujardin bater Pitt e Clooney? Lá está, isto das previsões não querem dizer absolutamente nada. Mas é sempre giro especular.



Três mulheres, três histórias... Always THE HOURS (2002)


Quão raro é o privilégio de sermos presenteados com um filme que não só reúne três das mais importantes e inspiradoras actrizes da actualidade como lhes dá papéis dignos do seu talento e valor, um filme que não reduz as suas personagens femininas a clichés, a reflexos dos seus pares masculinos ou as trata como figuras reactivas, existindo apenas para completar a caracterização do protagonista masculino, fazendo delas o centro, o prato principal em torno do qual toda a narrativa gira – e os homens, em “The Hours”, são pouco mais que a sobremesa dessa ementa. 

Para começar: “The Hours” junta o génio (génio, não talento, como bem distingue Penelope Cruz em “Vicky Cristina Barcelona”, outro bom exemplo que poderia constar desta rubrica) individual de Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman (premiada com um Óscar precisamente por esta interpretação) a um elenco composto por Claire Danes, Miranda Richardson, Allison Janney e Toni Collette e ainda Ed Harris, Stephen Dillane, John C. Reilly e Jeff Daniels. São duas horas basicamente a assistir todas estas fabulosas actrizes a trocarem cenas entre si, duas horas de depressão, opressão e repressão enquanto estas actrizes e as suas personagens “vivem”, debaixo da alçada da magnífica banda sonora de Philip Glass, com um sentido de urgência no mundano, de assombração por detrás da fachada destas mulheres (aliás, continuem a ler o artigo com isto a tocar no fundo).


Virginia: [escreve] “Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself”


Laura: [lê] “Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself”


Clarissa: Sally, I think I’ll buy the flowers myself.

Um dia na vida de uma mulher – e toda a sua vida nesse dia. É assim que Virginia Woolf (Kidman) abre a sua obra-prima, “Mrs Dalloway”. Numa das muitas líricas e inteligentes sobreposições e paralelismos, a entediada e problemática Virginia Woolf surge-nos em 1921 a escrever aquele que viria a ser o seu mais aclamado romance; em 1951, a belíssima e delicada dona de casa Laura Brown (Moore) embarca na leitura do livro, procurando nele explicações para a sua própria vida, perdida de significado; e em 2001 a nervosa e preocupada Clarissa Vaughn (Streep) encarna a personagem que Woolf narrava oitenta anos antes, preparando uma festa para o seu ex-compaheiro enquanto lida com mais um dos seus conflitos existenciais. Arte criada, experienciada e vivenciada. Michael Cunningham era brilhante.

Três personagens tão diferentes e tão semelhantes entre si. Todas aprisionadas numa vida que não queriam ter. Para Laura Brown, a sua casa é a sua prisão. Quanto não lhe apetecia fugir! Para Virginia Woolf, não é a casa que é a sua prisão, é a sua vida. Da sua casa – como de praticamente tudo o resto – Virginia não se deixa aproximar, preferindo a solidão. Para Clarissa Vaughn, a prisão é ela própria, vivendo no constante medo de deixar os outros entrar e ver o que passa pela sua mente, tentando manter sempre as aparências de que tudo está bem.


A frenética e nervosa energia de Clarissa conta-nos tudo o que precisamos saber sobre a sua implosão interna, quase a ponto de deixar-se-ir, de deixar a sua raiva soltar-se. A cena em que se descai em lágrimas na cozinha é uma excelente forma de mostrar como mesmo a pessoa que nos parece a mais forte e independente, a que toma conta de todos, pode ser a que mais precisa de ajuda. Apanhada desprevenida por uma mescla de emoções, os seus falhanços vêm ao de cima e Clarissa vem-se abaixo. Com Laura Brown sucede exactamente o contrário. Por nunca ter definido a sua personalidade, Laura vê-se sem voz. Enquanto que em Clarissa é nas suas expressões que revela o que não quer, Laura é na voz. Do tom mais decidido ao quase suspiro, com múltiplas reticências, Laura mostra-nos o quão despersonalizada é. Uma personagem propositadamente vaga, ausente, perdida num espaço onde só existe ela e mais ninguém. Finalmente, Virginia. Um poço de fúria, de angústia, de revolta, tudo nos seus olhos. Feroz, determinada e complicada, Virginia não consegue estar satisfeita com a vida que tem. Ela é mesmo o que é – sem tirar nem por – e talvez por isso seja a mais incompreendida das três, arrumada para canto com a desculpa de uma doença mental que ninguém sabe muito bem como diagnosticar.

Muitos preferem ver “The Hours” como um filme que aborda três mulheres à beira do desespero, duas delas tentando mesmo o suicídio e por isso descartam-no como um desvaneio deprimente de um escritor com mania de lírico. Para mim, ao entrecruzar os três ângulos narrativos em paralelo em vez de em sequência, colocando o autor, o alter ego e o leitor no mesmo plano e forçando-nos a partilhar do fragmentado e imperfeito mundo destas três infelizes mulheres, “The Hours” mostra-nos como só o amor e o tempo são ambivalentes, complexos e intemporais. Tudo o resto, como as conexões, a humanidade, a felicidade, se esvai. “Always the love. Always the hours.”


Não faço previsões


Mais logo decorre a entrega dos Emmys, os prémios major da televisão americana (como o João já fez questão de relembrar) e para variar, este ano, não faço previsões. Não as faço porque, pela primeira vez desde que comecei a acompanhar atentamente, não vou seguir a cerimónia. 


Ao invés de fazer apostas, vou deixar cá cinco desejos para logo (não interessa se se realizam ou não):


"Mad Men" vence de novo e vira recordista de Emmys para Melhor Drama: olhem, eu sou um confesso admirador de todos os nomeados da categoria (menos "Downton Abbey", que segunda temporada desastrosa!) e até considerava dar o prémio a todos. "Breaking Bad" e "Homeland" são ferozes competidores, de facto, mas o drama de época de Matthew Weiner continua a ser do mais alto quilate de produção televisiva. A quinta temporada é capaz de ser a minha favorita, em pé de igualdade com a enorme terceira temporada e assim sendo não hesito em dar-lhe, mais uma vez, o título de melhor série da televisão norte-americana. Uma achega: "The Good Wife" devia estar entre estes nomeados. Enfim.


Amy Poehler vença algum dos prémios para o qual está nomeada: é assim, eu não sou muito de defender que se apele a factores externos para justificar uma vitória neste tipo de cerimónias, mas se há alguém que merece que se tenha um bocado de pena do que se passa na vida pessoal e se aproveite e se premeie essa pessoa com um troféu, é Amy Poehler. Isto porque na categoria de Melhor Actriz, não há uma concorrente melhor que ela. Sim, também gosto da Julia Louis-Dreyfus no "Veep", mas o episódio que submeteu foi o único em que achei que a usaram no máximo das suas capacidades. A Melissa McCarthy e a Tina Fey estão nas nomeadas para fazer figura (se bem que Tina tem um episódio excepcionalmente bom este ano, fosse para o ano e era ela que vencia, por ser a última temporada de "30 Rock"), a Edie Falco foi nomeada para premiar a melhoria substancial da série dela este ano e a Zooey tem mais anos para ganhar (a isto junta-se o facto que meia Hollywood - aliás, meio mundo - a acha irritante). Portanto resta a Lena Dunham. Pessoal, eu gosto muito de "Girls", é muito bem escrita e realizada, mas a Lena Dunham, apesar de competente, não é das melhores actrizes de sempre. Já na outra categoria a que vai a votos, Poehler só perde para Chris McKenna ("Community"), mas tendo em conta aparentemente que tem vindo a crescer um  movimento anti-"Modern Family" (mais um ano ou dois e a coisa começa a estalar) e um Emmy para "Community" seria quase um sinal do apocalipse, vá lá, se roubarem o Emmy à Amy para Melhor Actriz, ao menos dêem-lhe para Melhor Escrita.


Eu adoro o Jim Parsons, mas por favor não lhe dêem outro Emmy: é assim, o Jim Parsons é bestial e um excelente actor, mas o Sheldon Cooper este ano parecia ter quase saído de um cartoon, de tão estereotipado que é. Salvo um ou outro episódio com alguma profundidade emocional, o Sheldon só apareceu este ano para inúmeras punchlines e ser motivo de risota pelos seus pânicos e medos habituais. Numa categoria que tem o Larry David mais acessível de sempre, um Louis C.K. de luxo e uma estrela de cinema como Don Cheadle numa interpretação bastante curiosa em "House of Lies" (nem peguemos em Jon Cryer e Alec Baldwin), é um insulto que se dê um terceiro Emmy a Parsons (ele que roubou um Emmy a Carell o ano passado) por brincar com um tambor. No. way.


Finalmente, um prémio grande da indústria para Julianne Moore: é um escândalo que esta mulher não tenha um Globo de Ouro, um Óscar, um BAFTA e um SAG com o seu nome gravado por "Far From Heaven". Nem preciso de escrever mais, a sua Sarah Palin vai para a história como uma das grandes interpretações televisivas não só do ano, mas da década. Se a Nicole Kidman lhe rouba o Emmy (ou a Connie Britton, também) por uma interpretação tão hórrida como a dela no telefilme "Hemingway and Gellhorn", lamento dizer que a sanidade da Academia está por um fio.


Proibir mais vitórias de "Modern Family" nas categorias secundárias: olhem, eu gosto de "Modern Family". Não sou o maior defensor da série, é um facto, acho que a terceira temporada foi na maior parte das vezes intragável mas quando a comédia funciona, é do melhor que há em televisão. Dito isto: estou farto que a Academia ache que todos os actores têm que ser nomeados. Não fizeram isso com "Friends", por exemplo. Não fizeram isso com "Sex & the City", "Will & Grace", "Seinfeld", "Cheers"... e a lista continua. O último exemplo recente que me lembro desta situação é o de "Everybody Loves Raymond" e o de "Frasier", que passavam a vida a entupir categorias onde actores muito melhores caberiam. Por favor, quem me disser que a Patricia Heaton mereceu os dois Emmys e as mil nomeações que teve acima da Courteney Cox, por exemplo, que se atire para dentro de um poço e lá fique. Voltando a "Modern Family"... Gente, eu acho que  o Ty Burrell, a Julie Bowen e o Eric Stonestreet merecem ser nomeados. E mereceram as três nomeações e a vitória que conseguiram. A sério que acho. Mas os outros? São típicas nomeações por arrasto. Estou para ver quando vai acabar e que consequências isso tem. Por exemplo, se isto continua mais um ano e "Parks & Recreation" for cancelado para o ano, vamos ter uma das personagens mais extraordinárias da televisão actual - Ron Swanson - completamente ignorado pela Academia, que preferiu abrir umas vagas para mais uns tristes de "Modern Family" não se sentirem excluídos? Santa paciência! Por tudo isto, eu peço à Academia que se lembre de dar o prémio ao Max Greenfield (era tão lindo!) e à Kristen Wiig. Os dois merecem. Muito. E são as melhores interpretações das suas categorias. Provavelmente ganharão de novo Ty e Julie, o que para mim também está muito bem.


E vocês: que cinco desejos esperam ver cumpridos na noite de hoje? Alguma surpresa que prevêem?




ESPAÇO DE CULTO: Julianne Moore


ESPAÇO DE CULTO é uma rubrica do Dial P For Popcorn que se dedica semanalmente a valorizar, a idolatrar, a adorar uma das nossas actrizes favoritas, tanto pelo seu aspecto físico, como pela sua filmografia.


Quatro nomeações para os Óscares da Academia. Extraordinárias interpretações em "[safe]", "Boogie Nights", "Far From Heaven", "The Hours", "Magnolia", "The Kids Are All Right", "The End of the Affair", "Blindness","Vanya on 42nd Street" e "Saving Grace", todas dignas de um Óscar, ao qual se junta a sua inolvidável Sarah Palin em "Game Change". Aparece ainda em "A Single Man", "Crazy, Stupid, Love", "Children of Men", "The Big Lebowski", "Hannibal", "I'm Not There", "The Fugitive", "The Hand that Rocks the Craddle", "Shipping News", "Cookie's Fortune" e "Psycho" de van Sant. Uma filmografia que qualquer actor ou actriz em Hollywood gostaria de possuir.


Uma das maiores beldades do mundo do cinema, conhecida pela sua beleza rara e pelo magnífico cabelo ruivo que lhe cai sobre os ombros, bem como pelo seu incomensurável talento. Uma actriz hábil e versátil, instintiva e corajosa, que desaparece completamente na personagem que interpreta, que sente todas as emoções à flor da pele e fá-las passar ao telespectador. Que ela ainda não tenha recebido um prémio major da indústria - seja um Tony, um Emmy, um Globo de Ouro ou um Óscar - é uma das maiores injustiças. Uma actriz sem nada mais a provar, JULIANNE MOORE continua a mostrar, ano após ano, mesmo aos cinquenta e dois anos, por que razão é considerada uma das maiores actrizes da indústria e, diria até, de sempre.


A primeira vez que a vi foi, como para muitos outros da minha geração, em "The Hours". Já aí a sua ferocidade e sagacidade me impressionaram e a forma desconcertante como Laura Brown disfarça toda uma vida aparentemente feliz quando por dentro sofre de uma depressão gravíssima e que a faz ponderar o suicídio deixaram uma marca inesquecível no meu eu adolescente. Mas foi só quando peguei em "Boogie Nights", "Far From Heaven" e "[safe]" que me apercebi do quão especial e formidável esta actriz é. Um verdadeiro camaleão, que alterna entre estilos e personagens tonalmente muito diferentes com uma facilidade e uma panache incríveis. Ter-lhe-ia dado já três Óscares (em 2002 por "Far From Heaven", em 1997 por "Boogie Nights" e em 1995 por "[safe]" - para mim as suas melhores interpretações) e é-me incompreensível que a Academia tenha decidido reparar a asneira de 2001 ("roubando" a Nicole Kidman um Óscar que ela dela por "Moulin Rouge!") com mais uma asneira em 2002 ("roubando" a Moore o Óscar para dar a uma interpretação que é a terceira melhor do seu próprio filme - Streep e Moore são superiores a Kidman em "The Hours"). Eu culpo o nariz, claro. E o facto de Julianne Moore fazer tudo parecer fácil e sem esforço.


Esperemos que o Emmy e o Globo de Ouro por "Game Change" ao menos não escapem.
E agora vocês: qual é a vossa interpretação favorita de Julianne Moore?

Moore. Harris. Kidman. Owen. HBO em 2012.

Vamos ter batalha aguerrida pelos Emmys na categoria de telefilme este ano, com a HBO a trazer-nos televisão prestigiante uma vez mais aos nossos ecrãs em 2012: 


Nicole Kidman e Clive Owen são Martha Gellhorn e Ernest Hemingway em "Hemingway & Gellhorn", realizado por Philip Kaufman. A eles se junta um elenco composto por Parker Posey, Robert Duvall, David Strathairn, Tony Shalhoub, Connie Nielsen e Molly Parker, entre outros.




Já Julianne Moore encarna Sarah Palin no novo telefilme de Jay Roach ("Recount"), "Game Change", que acompanha os altos e baixos da campanha eleitoral de 2008. Mas Julianne Moore não é a única grande estrela do elenco, pois em "Game Change" também participam nomes como Ed Harris (como o Senador John McCain), Woody Harrelson, Sarah Paulson, Ron Livingston e Peter MacNicol.



E não esqueçamos ainda isto, acabado de estrear na HBO:



Caso para dizer: a HBO mima-nos demais. E agora pergunto: quem das duas enormes actrizes vocês acreditam que leve o Emmy para casa, seguindo os passos de Kate Winslet?

CRAZY, STUPID, LOVE. (2011)


"I'm going to help you rediscover your manhood. Do you have any idea where you could have lost it?"

Um filme que faz jus ao seu título. Cenas completamente estúpidas, momentos loucos e a emoção dos diversos amores do filme constroem mais um filme de domingo à tarde. Não justifica o bilhete de cinema que paguei para o ver, mas também não defrauda por completo. As poucas expectativas que tinha para o filme de Glenn Ficarra e John Requa era a sua nota sobrevalorizada do imdb.com (7,8). De resto, já sabia para o que ia e não fiquei totalmente desiludido. Houve momentos (sim, aqueles entediantes clichés cinematográficos deram-me cabo do juizo) em que me apeteceu levantar e mandar o filme passear. Mas, paradoxalmente, houve também meia dúzia de momentos surpreendentes e irracionalmente divertidos. Ri a bom rir, a ponto de esquecer os piores momentos do filme.


Emily Weaver (Julianne Moore) decide divorciar-se do derrotado e conformado Cal Weaver (Steve Carell), que descuidou o amor e o romance do seu casamento e se vê fora do seu lar com o peso da traição da sua esposa (segundo Emily, mais do que justa) com o seu colega de trabalho David Lindhagen (Kevin Bacon). Derrotado, vencido pela dor, começa a frequentar um bar onde as suas mágoas não passam despercebidas a um bem sucedido e sedutor Ryan Gosling, que, no meu entender, demonstrou algum desconforto num papel e numa personagem pouco habitual no seu currículo. Ryan Gosling é Jacob Palmer, um jovem que conquista uma mulher diferente todas as noites e que decide ajudar Cal a sentir-se um homem novo, a mudar a sua imagem e a ultrapassar a dor da separação. Nesta história, cabe ainda a jovem Hanna (Emma Stone), uma estudante de direito, empenhada e esforçada, que vive na ilusão de um casamento de sonho com o milionário Richard (Josh Groban).


Um elenco de óptima qualidade, que garante sólidas interpretações num filme com momentos demasiado maus. Esta montanha russa de emoções e de qualidade, forçam-me a cotar o filme com um C+, uma nota que não reflete a boa edição do filme. Vale a pena ver Crazy, Stupid, Love? Sim, mas só num domingo à tarde, em casa e sem que tenha de pagar para o ver.


Nota Final:
C+


Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Glenn Ficarra, John Requa
Argumento: Dan Fogelman
Ano: 2011
Duração: 118 minutos