Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

O Ano em Revista: Bandas Sonoras



A nossa Revisão do Ano começa hoje, aqui no DIAL P FOR POPCORN. E decidi começar, como há dias já tinha preconizado, com as Bandas Sonoras (num período menos poético e mais cerebral em que me encontro, música é do que preciso para manter minimamente viva a minha imaginação, o que explica a grande quantidade de artigos desse foro nos últimos tempos).


2010 foi um ano especialmente bom para bandas sonoras. Quase todos os grandes compositores do ramo trabalharam, quase todos entregaram bons trabalhos, uma boa parte deles conseguiu fazer dos melhores da sua carreira; outros que, com uma carreira recheada de êxitos, conseguiram voltar aos bons velhos tempos; e ainda outros que, na sua primeira aventura em composição para filmes, foram um sucesso estrondoso. Tivemos de tudo, este ano.

Depois de 2009 ter sido o ano da Mulher, como muitos o caracterizaram, 2010 foi, para mim, o ano das Bandas Sonoras, mesmo tendo as mulheres feito por merecer de novo o título este ano. Na minha cabeça, este foi um dos melhores anos de sempre nesse aspecto. Deixo-vos ficar, abaixo, com trechos daquelas que são as minhas favoritas composições do ano. Deixo-vos julgar por vós próprios.


L'ILLUSIONISTE, de Sylvain Chomet, foi uma experiência incrível. Não bastava ser um filme animado competente, com uma história inolvidável e compreensivelmente emocional, ainda Chomet tinha de compôr uma das mais lindas (quiçá a melhor) banda sonora do ano. Uma melodia inesquecível, a merecer destaque.


Se dissesse que me apaixonei perdidamente pela banda sonora de John Powell para HOW TO TRAIN YOUR DRAGON, também não estaria a mentir. Mantenho na minha cabeça que é a mais sólida composição musical, que serve na perfeição o filme e o eleva para maiores vôos, conseguindo ser harmoniosa, doce, subtil, imperial e arrepiante, tudo ao mesmo tempo. Mítica. Tal como o filme. Se juntarem a isto a ternurenta "Sticks & Stones" de Jónsi, o vocalista de Sigur Rós... Eu derreto-me.




É fácil desprezar a belíssima composição musical de Hans Zimmer para INCEPTION de Christopher Nolan como um conjunto de arranjos musicais bem feitos que impulsionam os momentos mais vibrantes do filme. É fácil desprezá-lo, sobretudo, porque de Zimmer já é isso que esperamos: uma banda sonora fascinante. O que me surpreende é que ele tenha conseguido manter-se original tanto tempo e, sem dúvida, este reaproveitamento que ele faz de "Je ne regrette rien" é brilhante. É fácil perdermo-nos nas explosões e estrondos sonoros típicos de um produto de Zimmer, mas o que surpreende aqui é de facto o ritmo e a tensão que ele imprime em trechos mais calmos como estes que vos deixo:



Outra banda sonora que me fascinou este ano foi o resultado da colaboração de Trent Reznor e Atticus Ross com David Fincher, para o seu THE SOCIAL NETWORK. Brilhante uso da electrónica, um som potente que se alia ao filme e cria um excelente pano de fundo à história, conferindo-lhe uma coolness e um ar de modernidade que era exactamente o que o filme precisava. Excelente trabalho, resultado espectacular.


Não é propriamente o melhor trabalho de Clint Mansell, mas ainda assim há que lhe dar os parabéns pela magistral interpretação, arranjo e mistura musical que fez com "Swan Lake" de Tchaikovsky para BLACK SWAN de Aronofsky. Que o filme resulte tão bem é testamento da qualidade do trabalho deste duo, juntos desde 2000. Transformou composições já de si virtuosas e graciosas em autênticas obras-primas musicais, com umas reviravoltas pelo meio que as tornam tão únicas, que conferem uma magia especial ao filme, convertendo este "Swan Lake" em particular no mais belo que já se viu.


Confissão (nada) surpreendente: estou mortinho para ver TRUE GRIT, dos irmãos Coen. Primeiro, porque conheço o livro e não acho que o filme de 1969 lhe seja particularmente fiel. Segundo, por causa de Jeff Bridges, Matt Damon e Josh Brolin. Terceiro, porque é um Coen Bros. e deles sai sempre algo interessante de discutir. E em último lugar, por Carter Burwell. Um dos maiores compositores a trabalhar no ramo, hoje em dia. E se o que eu ouvi é alguma indicação, eu diria que este será dos seus melhores trabalhos de sempre. A combinação do seu estilo musical muito próprio e do arranjo musical que fez nestes hinos protestantes resultou em pleno.


Quem me conhece sabe da minha verdadeira admiração por Alexandre Desplat. Acima de tudo, pelo trabalho tão diversificado, tão inspirado, tão peculiar e tão diferente de todos os outros que têm aparecido. Este ano, mais três excelentes bandas sonoras, das quais ressalvo estas duas. THE GHOST WRITER serve o filme de Polanski na perfeição e envolve-nos na trama como nenhuma outra o fez em 2010. Mantém-nos sempre na ponta do assento no cinema, à espera do que se passará a seguir. Uma grande banda sonora para um grande filme.


E como uma só não basta para Desplat, eis que, além de deixar a sua marca própria na franchise de Harry Potter, ainda veio compôr a banda sonora de um dos favoritos a vencer vários Óscares na cerimónia deste ano. A sua banda sonora para THE KING'S SPEECH pode não ser tão sonante nem tão portentosa como para o filme de Polanski, todavia é ainda assim uma bela composição, a aliar o imperial que se impõe a um filme sobre a realeza britânica com o leve e subtil que estabelece um ambiente caloroso e alegre que proporciona pano de fundo ideal à relação central do filme.



E, como seria de esperar, teríamos de chegar a Daft Punk e à magnífica banda sonora que compuseram para TRON: LEGACY. Mesmo que o filme não consiga igualar em qualidade a música, esta incursão do duo francês pelo cinema não pode nunca passar despercebida. Não conheço como se comporta a música dentro do filme, contudo o ritmo pulsante, épico, futurístico desta composição torna-a em algo muito especial e único que nos é apresentado este ano. Para ser saboreado com múltiplas audições.


John Adams é um génio musical. Isso não há dúvida. A sublime combinação da enorme qualidade da sua banda sonora com a fotografia magistral de Yorick Le Saux e a direcção firme de Luca Guadagnino transcendem o ecrã, deixando uma marca inapagável na nossa memória. Tilda Swinton pode ser o principal motivo que leve as pessoas ao cinema para ver I AM LOVE / IO SONO L'AMORE, mas estes três que apontei em cima, sobretudo a banda sonora de Adams, é que fica na nossa memória quando saímos dele. Absolutamente inesquecível. Grandiosa. Maravilhosa.


E temos agora aqui as duas escolhas mais desconhecidas - penso eu - da lista. MONSTERS, de Gareth Edwards, tem dividido as opiniões dos críticos. Eu adorei o filme. O que ficou na retina, sobretudo, além do brilhante resultado final da película, em termos de efeitos visuais e fotografia, quando consideramos o baixíssimo orçamento do filme, foi a monstruosa banda sonora de Jon Hopkins, que funciona em uníssono com a mensagem do filme. Música que nos deixa inquietos, desconfortáveis, mas ao mesmo tempo impressionados e interessados no que se passará a seguir. Excelente complemento ao poderio visual do filme.



Resta-me falar de mais uma das surpresas do ano (bem, em teoria é de 2009, mas só o descobrimos este ano no Ocidente). MOTHER, de Joon-Ho Bong, é todo ele uma impressionante película, com uma interpretação extraordinária de Kim Hye-Ja, contudo foi na banda sonora que a minha cabeça se focou quando vi o filme a primeira vez. Uma banda sonora tão atípica, a fazer-me lembrar a banda sonora de IN THE MOOD FOR LOVE, com uma batida romântica, inflamada, com um ritmo incandescente, melodramática q.b.


Esta revisão não podia, todavia, estar completa sem mencionar estes cinco outros títulos que ficaram comigo durante este ano. Podem não ser as melhores bandas sonoras para os seus filmes (como é o caso de NEVER LET ME GO e THE LAST AIRBENDER, cuja música não combina com o que se vê passar no ecrã), podem não ser o melhor trabalho do seu compositor (como é o caso de LET ME IN, uma excelente banda sonora de Giacchino, que tem passado despercebida no circuito de prémios; ou de TOY STORY 3 e Randy Newman) ou por uma razão ou por outra não constam da minha lista de "melhores" do ano (127 HOURS é uma boa questão; gosto da banda sonora mas há músicas dela que não me impressionam; SOMEWHERE tem uma das minhas bandas sonoras preferidas este ano, mas só um ou dois títulos são-me verdadeiramente queridos - como esta dos The Strokes que escolhi), não posso deixar de singularizar estas bandas sonoras do resto que se ouviu em 2010:



E vocês, que dizem de tudo isto? Terei perdido a cabeça com tanta música?

9 comentários

Comentar post