Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

LA GRANDE BELLEZZA, de Paolo Sorrentino

28604id_001.jpg

 

"This is how it always ends, with death.

 

 

But first there was life. Hidden beneath the blah, blah, blah. It is all settled beneath the the chitter chatter and the noise. Silence and sentiment. Emotion and Fear. The haggard, inconstant flashes of beauty.

 

 

And then the wretched squalor and miserable humanity. All buried under the cover of the embarrassment of being in the world.

 

 

Beyond there is what lies beyond. I don't deal with what lies beyond.

 

 

Therefore, let this novel begin.

 

 

After all it's just a trick. Yes, just a trick."

FORCE MAJEURE, de Ruben Östlund

force_majeure_01.jpg

 

A culpa é um dos sentimentos mais complexos e desafiantes do cinema. Quem viu The Machinist (a obra onde Brad Anderson levou Christian Bale ao limite) facilmente percebe que, para se ser bem sucedido, a atmosfera claustrofóbica tem de saltar do ecrã e infetar o subconsciente do espectador. Ruben Östlund conseguiu fazê-lo. No cenário dos Alpes franceses, uma família sueca em férias debate-se com uma inesperada crise familiar. A dada altura o pai Tomas amaldiçoa o seu subconsciente, a sua reação impulsiva. Force Majeure é um exercício de reflexão que nos acompanha muito para lá das suas duas horas.

Mil e Uma Noites: O Inquieto, de Miguel Gomes

cugd2Oi13AkOp2P9jUnXOAvNUGB.jpg

 

É com pena que vejo este filme passar ao lado de Portugal.

É com pena que vejo que um filme como o Pátio das Cantigas eclipsa uma obra-prima do cinema português (o tempo tratará de dar o devido reconhecimento à omelete que Miguel Gomes conseguiu fazer sem ovos) como o Mil e Um Noites. Não se trata de menosprezar a galinha de ovos de ouro que Leonel Vieira descobriu - só o vê quem quer, só apoia o cinema baseado na reciclagem de titulos centenários quem quer. Aliás, a ideia é tão vencedora que se vai replicar em mais meia-dúzia de obras para encher a barriga de quem gostou da fórmula inicial. 

 

1001.jpg

 

O que mais me custa é que 8 em cada 10 portugueses (isto é uma estatística totalmente aleatória, baseada num censos feito por mim a pessoas que encontrei por aí) olharão para o título Mil e Uma Noites, para as 6 horas de filme e para o nome de Miguel Gomes e acabarão por desistir com a justificação, clássica, de se tratar de uma coisa para intelectuais.

 

Meus caros - estão redondamente enganados.

 

02-arabian-nights-vol1.jpg

 

Que se recusem a ver o Tabu até aceito (embora o faça com pena de quem não se digna a ler a sinopse ou a aguentar os dois minutos do trailer que estão no youtube) - é um filme a preto e branco, sobre o tempo colonial "e isso já não interessa". Mas em Mil e Uma Noites aquilo que vemos é um esforço nobre, valente e ousado de gritar aos sete ventos aquilo em que nos transformaram, aquilo em que nos deixámos transformar - o canto esquecido em que acabámos. Composto por um conjunto de quatro histórias bem-dispostas, que nos forçam a encarar com um sorriso as agruras do presente, as duas horas de O Inquieto, a primeira parte de Mil e Uma Noites, convencem o público a regressar - Dia 24 de Setembro estreará O Desolado e a 1 de Outubro a trilogia encerra-se com O Encantado.

 

Vão vê-lo, por favor. Porque é nosso, é sobre nós e está muito bem feito.