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DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

LE CONCERT (2009)



Aproveitando a óptima colecção de cinema independente que o jornal Público junta, todas as sextas-feiras por mais 1,95€, como o seu jornal, tive oportunidade de ver um filme extremamente tocante e sentimental. Embora já tivesse recebido boas opiniões sobre o filme, confesso-me surpreendido pela qualidade do mesmo. Le Concert é um filme sobre a obsessão pela concretização de um sonho, a obsessão por recuperar uma vida roubada de uma forma cobarde, a obsessão por voltar uma página magoada e ressentida de um passado longínquo.


Andrey Filipov (Aleksey Guskov - com uma interpretação marcante), trabalha como empregado de limpeza de um decrépito Bolshoi, uma orquestra que em tempos coordenou, mas cuja qualidade já viu dias melhores. Trinta anos passaram desde a fatídica noite, em que o governo comunista invadiu o palco onde Andrey orientava uma peça de Tchaikovsky, e destruiu a carreira de um maestro e de uma orquestra considerados brilhantes. Aproveitando a sua condição e a circulação livre e privilegiada pelos corredores do Bolshoi, Andrey descobre um convite para a orquestra actuar no famoso Châtelet Theater em Paris. Assustado com a ideia de uma representação tão ridícula como a da actual orquestra do Bolshoi, Andrey enche-se de coragem e decide reunir a sua antiga orquestra para terminar a peça que para sempre, na sua cabeça, ficou inacabada: O Concerto de Violino em D Maior de Tchaikovsky.


Uma preparação extremamente hilariante, que proporciona ao espectador uma constante animação e imprevisibilidade, cativa uma saudável empatia para com algumas das personagens e expõe-nos alguns dos segredos por detrás das magestosas orquestras e das transcendetes criações de Tchaikovsky. O filme conta ainda com a participação de uma das grandes promessas do cinema francês, Mélanie Laurent, com uma personagem importantíssima em toda a dinâmica da história e que se torna uma mais valia na qualidade do filme. Divertido, emocionante, criativo e arrojado. Pagar 1,95€ por Le Concert foi um dos melhores negócios cinematográficos do meu ano.
Nota Final:
B+/A-



Trailer:





Informação Adicional:

Realização: Radu Mihaileanu
Argumento: Radu Mihaileanu
Ano:
2009
Duração:
118 minutos

HORRIBLE BOSSES (2011)





"You can't win a marathon without putting some band-aids on your nipples! "


Hilariante, imprevisível e original. Horrible Bosses é uma comédia tipicamente americana, com um nível superior àquilo a que esse país do "cinema" nos habitua anualmente, mas que vale a pena o dinheiro do bilhete do cinema. A boa disposição é garantida, mesmo para os mais cépticos.


Três chefes terríveis, que atormentam os seus funcionários com chantagens e ameaças, são o ponto de partida. Nick Hendricks (Jason Bateman) é um empenhado e eficiente funcionário num dos muitos escritórios deste mundo. Trabalha com afinco, diariamente, para conseguir a tão ambicionada promoção a vice-presidente da sua empresa. Dale Arbus (Charlie Day - a melhor interpretação do filme) é um homem cujo único sonho era o de ser um bom marido. Atingido esse objectivo, empregou-se como ajudante de uma dentista ninfomaníaca que constantemente o convida para aventuras sexuais. Kurt Buckman (Jason Sudeikis) é um homem feliz no seu emprego, até ao dia em que o seu adorado chefe falece e deixa todo o seu legado a um caprichoso e inconsequente filho.


Amigos de longa data, e após várias horas de reflexão com diversa cerveja à mistura, os três companheiros decidem que não têm outra alternativa: terão que matar os seus chefes para poderem garantir alguma sanidade mental. E a partir daí um filme que não parecia nada convidativo, transforma-se numa sucessão de momentos que têm tanto de surpreendente como de divertido, e que eu arrisco escrever, vão também convencer o leitor. A juntar a estes trio de grande nível, Horrible Bosses conta ainda com Kevin Spacey, Jamie Foxx e Colin Farrell em três interpretações bastante singulares. Uma das melhores comédias de 2011.


Nota Final:
B+



Trailer:




Informação Adicional:

Realização:
Seth Gordon
Argumento: Michael Markowitz
Ano: 2011
Duração
: 98 minutos

CRAZY, STUPID, LOVE. (2011)


"I'm going to help you rediscover your manhood. Do you have any idea where you could have lost it?"

Um filme que faz jus ao seu título. Cenas completamente estúpidas, momentos loucos e a emoção dos diversos amores do filme constroem mais um filme de domingo à tarde. Não justifica o bilhete de cinema que paguei para o ver, mas também não defrauda por completo. As poucas expectativas que tinha para o filme de Glenn Ficarra e John Requa era a sua nota sobrevalorizada do imdb.com (7,8). De resto, já sabia para o que ia e não fiquei totalmente desiludido. Houve momentos (sim, aqueles entediantes clichés cinematográficos deram-me cabo do juizo) em que me apeteceu levantar e mandar o filme passear. Mas, paradoxalmente, houve também meia dúzia de momentos surpreendentes e irracionalmente divertidos. Ri a bom rir, a ponto de esquecer os piores momentos do filme.


Emily Weaver (Julianne Moore) decide divorciar-se do derrotado e conformado Cal Weaver (Steve Carell), que descuidou o amor e o romance do seu casamento e se vê fora do seu lar com o peso da traição da sua esposa (segundo Emily, mais do que justa) com o seu colega de trabalho David Lindhagen (Kevin Bacon). Derrotado, vencido pela dor, começa a frequentar um bar onde as suas mágoas não passam despercebidas a um bem sucedido e sedutor Ryan Gosling, que, no meu entender, demonstrou algum desconforto num papel e numa personagem pouco habitual no seu currículo. Ryan Gosling é Jacob Palmer, um jovem que conquista uma mulher diferente todas as noites e que decide ajudar Cal a sentir-se um homem novo, a mudar a sua imagem e a ultrapassar a dor da separação. Nesta história, cabe ainda a jovem Hanna (Emma Stone), uma estudante de direito, empenhada e esforçada, que vive na ilusão de um casamento de sonho com o milionário Richard (Josh Groban).


Um elenco de óptima qualidade, que garante sólidas interpretações num filme com momentos demasiado maus. Esta montanha russa de emoções e de qualidade, forçam-me a cotar o filme com um C+, uma nota que não reflete a boa edição do filme. Vale a pena ver Crazy, Stupid, Love? Sim, mas só num domingo à tarde, em casa e sem que tenha de pagar para o ver.


Nota Final:
C+


Trailer:




Informação Adicional:
Realização: Glenn Ficarra, John Requa
Argumento: Dan Fogelman
Ano: 2011
Duração: 118 minutos

MANHATTAN (1979)



"I think people should mate for life, like pigeons or Catholics."


Manhattan é uma verdadeira obra de arte sobre o mundo cosmopolita. Um dos melhores filmes da carreira de Woody Allen, onde se entrega de corpo e alma na realização, na criação do argumento e na interpretação principal como Isaac, um argumentista de séries televisivas transformado num improvável sedutor, capaz de conquistar as mulheres pela inteligência das suas ideias e pela perspicácia das suas conversas.


Manhattan, "o coração de Nova Iorque", é um verdadeiro rebuliço de nações. Um rebuliço quase artístico, inspirador para muitos dos pensadores da nossa sociedade, um local mágico para os amantes do fervilhar das cidades. Isaac é um quarentão divorciado, a viver um romance de circunstância com a jovem Tracy (Mariel Hemingway), uma inocente rapariga, menor de idade e que se perdeu de amores pela intrigante personagem que é Isaac. Grande amigo e companheiro do casal Yale, um famoso e bem-sucedido professor universitário que vive um inesperado affair com a sofisticada Mary (Diane Keaton), Yale confessa a Isaac a angústia de esconder e viver uma relação proibida.


É quando se desloca até um museu com Tracy, que Isaac conhece pela primeira vez Mary, que o irrita profundamente com a presunção das suas ideias e o desprezo permanente pelas opiniões divergentes da sua. Numa mescla interessante de sentimentos, Isaac acaba por descobrir novamente Mary, por mero acaso, e uma jovial amizade nasce depois de várias horas na companhia um do outro. Companhia essa que acaba por ser partilhada durante grande parte do filme, numa constante troca de ideias e reflexões sobre as relações fugazes da cidade que nunca dorme, o drama da solidão e a dor da rejeição. Manhattan é hoje, como em 1979, um filme actual. A sociedade agradece.


Nota Final:
A-



Trailer:





Informação Adicional:
Realização: Woody Allen
Argumento:
Woody Allen
Ano:
1979
Duração:
96 minutos.

DAFA 2010: Melhores Cenas e Encerramento




Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.

(Se pretenderem ver os prémios para trás, cliquem AQUI)

Chegamos, com as categorias de Melhor Cena Inicial e Melhor Cena Final, ao fim da minha premiação dos melhores de 2010. Esperemos que para o ano corra melhor e que seja mais rápido e organizado. Vamos a MELHOR CENA INICIAL.


Melhor Cena Inicial:
ANOTHER YEAR
BLACK SWAN #2
I AM LOVE 
THE KING’S SPEECH
THE SOCIAL NETWORK  #1
THE TOWN #3

É preciso um realizador com muita confiança para principiar um filme, também ele, a transbordar de confiança. A cena inicial de The Social Network, uma troca acesa de ideias quase impossível de acompanhar, tamanha a rapidez, e as consequências que despoleta esta discussão são a porta de entrada perfeita para um grande filme. A abertura de Black Swan, com Nina a sonhar, uma vez mais, com o Lago dos Cisnes que um dia sonha dançar como primeira bailarina da companhia, é também ela uma entrada de sonho para um filme com um foco muito intenso na psique, no sonho, na ilusão da mente. Finalmente e embora "The King's Speech", "Another Year" e "I Am Love" tenham muito boas cenas de abertura, escolhi a de The Town para fechar o pódio, porque consegue ser reminiscente, quase instanteamente, de outra grande cena de abertura de um dos melhores filmes de acção da última década ("The Dark Knight") e, ao mesmo tempo, completamente irreverente e original.


Falemos agora da MELHOR CENA FINAL:


Melhor Cena Final
BLUE VALENTINE  
L’ILLUSIONISTE
RABBIT HOLE #3
THE GHOST WRITER #2
THE KIDS ARE ALL RIGHT 
TOY STORY 3 #1

Resumindo isto de forma muito simples: seis finais perfeitos. Um que me deixa em total estado de desespero ("L'Illusioniste"), com o seu protagonista finalmente a sucumbir e a aceitar que a sua arte, outrora tão querida, não é mais admirada como devia e a partir para outra. Outro ("Toy Story 3") que é tão perfeito e humano e real e faz doer tão profundamente e nos estupefacta - afinal, estamos a chorar por brinquedos? Dois finais previsíveis, expectáveis e até mesmo desejáveis ("Blue Valentine" e "Rabbit Hole") - o primeiro, porque só assim poderia terminar aquela relação, desprovida já de amor, de afecto, de união, só a filha resta como símbolo do amor que já lá vai; o outro, porque depois da calamidade, depois da negação, depois da frustração, vem a aceitação, a paz interior, a esperança em dias melhores. Depois vem o outro, um retrato perfeito da família moderna, uma cena imaculada retirada da nossa vida de todos os dias: os pais deixam o filho na universidade, o casal dá as mãos, a família está bem e unida. Finalmente e talvez o mais enigmático de todos ("The Ghost Writer"): um homem nada extraordinário é, por força das circunstâncias, silenciado. A sua morte, que iria revolucionar todo o secretismo patente no filme inteiro, porque finalmente havia descoberto o segredo,  acaba por deitar por terra a esperança do espectador em ver solucionado o mistério. A passagem do envelope entre as pessoas, o choque patente na cara do político, folhas a esvoaçar quando o carro atropela o escritor fantasma. Poético, assombroso, real. Uma cena brilhante.


Aqui termino, então, as festividades de 2010. Agradeço por me terem acompanhado ao longo de quase um ano. "The Social Network" foi o filme mais galardoado, com cinco vitórias, seguido de "Black Swan" com três. Cá ficam as contas finais:

Filme: THE SOCIAL NETWORK
Filme Português: JOSÉ E PILAR
Filme Estrangeiro: LOLA
Animado: HOW TO TRAIN YOUR DRAGON
Documentário: EXIT THROUGH THE GIFT SHOP

Elenco: THE KIDS ARE ALL RIGHT
Actor: BLUE VALENTINE (Ryan Gosling)
Actriz: RABBIT HOLE (Nicole Kidman)
Actriz Secundária: ANOTHER YEAR (Lesley Manville)
Actor Secundário: THE FIGHTER (Christian Bale)

Realizador: BLACK SWAN (Darren Aronofsky)
Argumento Original: THE KIDS ARE ALL RIGHT
Argumento Adaptado: THE SOCIAL NETWORK

Fotografia: I AM LOVE
Direcção Artística: THE GHOST WRITER
Guarda-Roupa: I AM LOVE
Maquilhagem: THE RUNAWAYS
Efeitos Visuais: INCEPTION
Efeitos Sonoros: INCEPTION
Edição: THE SOCIAL NETWORK

Peça Musical: BLACK SWAN (Perfection)
Banda Sonora: THE SOCIAL NETWORK
Banda Sonora Não-Original: TRUE GRIT
Canção Original: HOW TO TRAIN YOUR DRAGON

Poster: BLACK SWAN
Trailer: THE SOCIAL NETWORK

DAFA 2010: Melhor Realizador, Filme Estrangeiro, Filme Português e Filme




Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.

Mais três categorias, sobre as quais não me vou alongar muito. Vamos primeiro a MELHOR FILME ESTRANGEIRO. Esta foi uma categoria relativamente pobre este ano, devido aos poucos bons filmes estrangeiros que nos chegaram a Portugal. Ainda assim, consegui compilar uma lista de 6 nomeados e 4 finalistas. Apetecia-me nomear os dez, mas na verdade decidi que tinha de ser coerente e reduzi para seis apenas. De fora ficaram "Biutiful", "In A Better World", "Incendies" e "The Edge", todos merecedores de uma nomeação, mas que infelizmente tive que abandonar em detrimento das minhas seis escolhas. Os meus nomeados são:



DOGTOOTH
EVERYONE ELSE #3
I AM LOVE
L'ILLUSIONISTE
LOLA #1
WHITE MATERIAL #2


Quem viu a minha lista dos melhores filmes de 2010 teria que suspeitar que para aqui passariam os filmes estrangeiros lá mencionados e portanto não é surpresa nenhuma ver cá "Lola", "L'Illusioniste" e "White Material". De "L'Illusioniste" disse: "Os últimos momentos do filme, em que seguimos um desapegado mágico sem nada que o prenda à sua vida antiga deixar tudo e todos e partir com fim incerto, abandonando assim subitamente a arte que tanto promoveu por tantos anos, são de trespassar o coração com uma faca. O resto do filme não é igualmente fácil de engolir - uma incrível metáfora de como tudo na vida, inclusive os gostos e as pessoas, mudam". Sobre "Lola": "Uma história de luta, de sobrevivência, "Lola" é mais uma peça inolvidável que Brillante Mendoza nos traz.". De "White Material": "Paisagens apaixonantes, mensagem apolítica, enigmática e bizarra película. Mesmo pairando a sensação de perigo eminente e revolução, Isabelle Huppert aí continua, firme, serena e impávida, como se nada a deitasse abaixo. Um filme extraordinário. Uma interpretação prestigiosa.". Os outros três filmes foram paulatinamente aparecendo como nomeados em outras categorias. "I Am Love" é de uma qualidade técnica prodigiosa, uma estreia de sonho do realizador Guadagnino e com uma enorme interpretação de Tilda Swinton no seu centro. "Dogtooth" pode ser estranho, misterioso, difícil de compreender, mas é também uma peça formidável de cinema e um dos retratos mais impressionantes e irónicos que já vi do que é a paternidade e do efeito que os pais têm nos seus filhos. "Everyone Else" foi uma adição tardia à lista dos melhores do ano. Se eu o tivesse visto antes, teria aparecido nos meus melhores do ano. Ainda assim, veio a tempo de figurar em várias categorias. Mesmo não abordando nada de novo, "Everyone Else" conta a história do fim-de-semana deste jovem casal como se narrasse toda a sua vida conjunta, alternando tristeza, raiva, delicadeza, paixão, sensibilidade, fragilidade, humor, conflito, angústia com aparente leveza e facilidade, explicando-nos que a base de qualquer relação são, acima de tudo, os pequenos detalhes, que tão facilmente juntam duas pessoas como as separam.


Um certame ainda mais pequeno serviu de base aos meus nomeados para MELHOR FILME ESTRANGEIRO. Admito que não vi muito cinema português em 2010 e gostava de ter visto mais. Ainda assim vi cinema português suficiente para perceber que 2010 foi um ano algo atípico e, por isso, ímpar na história do nosso cinema. Cá estão os nomeados, os três galardoados internacionalmente e todos com aclamação crítica (optei por três nomeados apenas porque penso que não tinha base para votar em seis):


JOSÉ E PILAR #1
MISTÉRIOS DE LISBOA #2
O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA #3

Um dos meus nomeados é a obra épica - e última - de Raul Ruiz, "Mistérios de Lisboa", que condensa a prosa de lento passo e novelesca de Camilo Castelo Branco num monstro cinematográfico que nos consume, que nos incandesce e que nos persegue, do primeiro ao último minuto. Nenhum segundo é desperdiçado nas mais de quatro horas de filme. O outro nomeado é o nosso candidato aos Óscares de 2011, "José e Pilar", uma história de amor invulgar em formato de documentário, que narra a escrita do último livro de José Saramago, "A Viagem do Elefante" mas, mais do que isso, aborda de frente as fortes convicções e o temperamento difícil do Nobel português e, em simultâneo, nos faz perceber como foi fácil a Saramago apaixonar-se por Pilar. Finalmente, o meu terceiro nomeado é o mais recente filme do nosso velho mestre do cinema português, Manoel de Oliveira. "O Estranho Caso de Angélica" é enigmático mas encantador, simples mas puro e espiritual. Maravilhoso. Nunca a visão do sopro da morte foi filmada de forma tão bela.

Faltam duas categorias, possivelmente as mais importantes. Penso que, como até partilham bastantes semelhanças, vou anunciar as duas categorias juntas.




MELHOR REALIZADOR:

Darren Aronofsky, BLACK SWAN #1
Derek Cianfrance, BLUE VALENTINE
Ethan e Joel Coen, TRUE GRIT
David Fincher, THE SOCIAL NETWORK #2
Christopher Nolan, INCEPTION
David O’Russell, THE FIGHTER #3

Este ano, os Óscares acertaram em cheio nos nomeados. O único que eles nomearam e que eu não menciono aqui - aquele que, coincidência ou não, venceu - foi Tom Hooper ("The King's Speech"). De resto, estão cá todos: Darren Aronofsky, Ethan e Joel Coen, David Fincher e David O'Russell. Acrescentei a estes dois mestres máximos de controlo da atmosfera, do tom, da história, da direcção de actores e da realização: Derek Cianfrance e Christopher Nolan.

Se tivesse que falar de uma característica que trouxe cada realizador especialmente cá: diria que O'Russell está aqui pelo ritmo que imprimiu ao seu filme, Nolan pela mestria com que realiza o seu trabalho, Fincher pela confiança que transborda e que imprime no seu filme, os irmãos Coen pela qualidade inegável com que cozinham os seus filmes, Cianfrance pela naturalidade com que as cenas (e as interpretações) no seu filme surgem e se entrecruzam e finalmente Aronofsky pela sua extravagância e talento, bem exibidos em "Black Swan", do qual é sem dúvida para mim a parte mais forte. E é por este contributo tão valioso para o seu filme que é o meu vencedor ("Black Swan" não sairia assim nas mãos de mais ninguém).

E finalmente... MELHOR FILME. Não vou tecer grandes comentários, até porque já os fiz AQUI. Deixo-vos com os meus seis melhores filmes do ano e os meus três preferidos (se me seguem há algum tempo, saberão certamente quais são).



MELHOR FILME:

BLACK SWAN
HOW TO TRAIN YOUR DRAGON
BLUE VALENTINE
#2
THE FIGHTER
THE KIDS ARE ALL RIGHT #3
THE SOCIAL NETWORK #1
 
 

L'ILLUSIONNISTE (2010)



A história de um mágico francês, profundamente deprimido e solitário, que viaja pelo Reino Unido à procura de apresentações pouco convincentes dos seus dotes de magia, é o ponto de partida para uma belíssima e inesperada história de amor, que nos é dada a conhecer pela "mão" de um dos mais irreverentes e adorados realizadores/argumentistas europeus: Sylvain Chomet. Depois de ter surpreendido a sétima arte com Belleville Rendez-Vous, Chomet consolida o seu lugar com mais uma história fantástica, desenhada com um charme e uma classe apaixonantes, que o transformam, com toda a legitimidade, num dos realizadores de culto deste início de século. Não há ninguém com Sylvain Chomet no cinema e o que ele faz, mais ninguém consegue fazer.


Mais uma vez, tal como no seu primeiro filme, L'illusionniste é marcado por poucos diálogos. As emoções estão todas "no papel". Cada um dos desenhos, com os seus gestos, atitudes e emoções das personagens, conduzem a história de uma forma tão sentimental quanto melodiosa, transformando os seus breves oitenta minutos em pouco mais de cinco deliciosos minutos de cinema. L'illusionniste cativou-me. É uma história de um amor trágico (e infelizmente, já revelei mais do que pretendia) onde um decrépito mágico, abandonado pela sociedade e pela magia da vida, se arrasta pelo mundo sem objectivos ou desejos. Quando conhece a jovem Alice, que o segue depois de um espectáculo, aceita-a como amiga e acolhe-a como sua companheira de viagem. Alimenta-a e veste-a com bonitos e requintados mimos.


Toda a relação entre estas personagens é uma complexa incógnita. Por mais que se veja o filme, nunca ficarei totalmente esclarecido sobre os verdadeiros sentimentos que nutrem um pelo outro e o significado da dramática e inesperada cena final. Se o leitor gostou de Belleville Rendez-Vous, também vais gostar de L'illusionniste. Não o acho tão brilhante quanto o primeiro, mas é igualmente um óptimo pedaço de arte.


Nota Final:
A-



Trailer:





Informação Adicional:

Realização: Sylvain Chomet
Argumento: Jacques Tati
Ano: 2010
Duração: 80 minutos

ÚLTIMA HORA: Trailer de "J. EDGAR" de Clint Eastwood



Um dos filmes mais antecipados do ano - e tido como um dos principais candidatos às estatuetas douradas dos Óscares - recebeu há momentos o seu primeiro trailer. "J. Edgar", o novo filme de Clint Eastwood ("Mystic River", "Unforgiven", "Million Dollar Baby"), protagonizado por Leonardo DiCaprio, que interpreta J. Edgar Hoover, o director mais famoso da FBI, numa trama que narra os acontecimentos mais importantes da sua liderança do bureau. O filme conta ainda com outros grandes nomes no elenco, como Judi Dench, Naomi Watts, Armie Hammer, Josh Lucas, Ed Westwick, Stephen Root e Jeffrey Donovan e o seu argumento foi assinado por Dustin Lance Black (vencedor do Óscar de Melhor Argumento Original em 2008, por "Milk").

Apesar do filme não dar muitas pistas através do seu trailer, confesso que me deixou intrigado. Positivamente intrigado, algo que, tendo em conta a minha reacção em tempos recentes aos filmes de Clint Eastwood, é de fazer franzir o sobrolho. Parece desde logo que a forma como Eastwood vai explorar a relação de amor secreta entre Hoover (DiCaprio) e Tolson (Hammer) será de vital importância e realmente nota-se que DiCaprio poderá ter aqui o papel de uma vida; o mesmo digo de Armie Hammer, do qual pouco se vê nestes poucos minutos mas que aguça o apetite. Judi Dench - e não Naomi Watts, como adivinhávamos - é que dará, possivelmente, a interpretação secundária feminina de relevo, no papel da mãe de Hoover, Anna Marie. Finalmente, parece um filme feito para arrancar nomeações em várias categorias técnicas, das quais destaco obviamente a maquilhagem e a fotografia (de Tom Stern, nomeado para o Óscar em 2008 por "Changeling", do mesmo realizador).

Se pretenderem ver o trailer na melhor qualidade possível deixo-vos aqui o sítio oficial na Apple; para os mais preguiçosos a clicar em hiperligações, deixo-vos abaixo o trailer via Rope of Silicon:



"J. Edgar" estreia nos cinemas norte-americanos a 9 de Novembro. A sua distribuição está garantida em Portugal, com estreia a 26 de Janeiro de 2012.

Abaixo vos deixo algumas fotos via Entertainment Weekly e Just Jared:




[ACTUALIZADO] EMMY 2011: Previsões e Vencedores


 


Depois de sabermos os vencedores dos TCA (Television Critics Association) (aqui) e dos Critics' Choice Awards (aqui), dentro de meia hora vamos conhecer os vencedores dos Emmy Awards 2011 (isto uma semana depois dos vencedores dos Creative Arts' Emmys terem sido anunciados), numa cerimónia transmitida na FOX (em Portugal na Sony Entertainment) e apresentada por Jane Lynch.

Entre os vários apresentadores das categorias temos nomes como Julianna Margulies, Gwyneth Paltrow, Amy Poehler, Rob Lowe, Will Arnett, Drew Barrymore, Maria Bello, Hugh Laurie, William H. Macy, Zooey Deschanel, Bryan Cranston, entre outros (podem consultar a ordem de apresentação e a lista de apresentadores completa aqui; só um dos nomes não foi anunciado, sendo mantido como surpresa - corre o rumor que será Charlie Sheen).

Nos artigos anteriores falei das categorias principais; aqui deixo as minhas previsões para os prémios de hoje (ordenadas pela ordem de apresentação dos prémios). Ao longo da cerimónia vou assinalando o que acertei e o que errei.

Actor Secundário - Comédia:
Ty Burrell, "Modern Family"

Actriz Secundária - Comédia:
Jane Lynch, "Glee"
Julie Bowen, "Modern Family"

Realização - Comédia:
Steven Levitan, "Modern Family" - "See You Next Fall"
Michael A. Spiller, "Modern Family" - "Hallowe'en"

Escrita - Comédia:
 Steven Levitan e Jeff Richman, "Modern Family" - "Caught in the Act"

Actor - Comédia:
Steve Carell, "The Office"
(Jim Parsons, "The Big Bang Theory")

Actriz - Comédia:
Laura Linney, "The Big C"
Melissa McCarthy, "Mike & Molly"

Competição - Reality-TV:
"The Amazing Race"

Escrita - Variedades:
"The Colbert Report"
("The Daily Show with Jon Stewart")

Realização - Variedades:
"Saturday Night Live"

Série - Variedades:
"The Daily Show with Jon Stewart"

Escrita - Drama:
"Mad Men" - "The Suitcase"
"Friday Night Lights" - "Always"

Actriz Secundária - Drama:
Margo Martindale, "Justified"

Realização - Drama:
"Boardwalk Empire" - "Pilot"

Actor Secundário - Drama:
Peter Dinklage, "Game of Thrones"

Actor - Drama:
Jon Hamm, "Mad Men"
Kyle Chandler, "Friday Night Lights"

Actriz - Drama:
Julianna Margulies, "The Good Wife"

Escrita - Mini-Série:
"Mildred Pierce"
("Downton Abbey")

Actriz Secundária - Mini-Série:
Maggie Smith, "Downton Abbey"

Actor - Mini-Série:
Edgar Ramirez, "Carlos"
Barry Pepper, "The Kennedys"

Realização - Mini-Série:
"Mildred Pierce"
("Downton Abbey")

Actor Secundário - Mini-Série:
Guy Pearce, "Mildred Pierce"

Actriz - Mini-Série:
Kate Winslet, "Mildred Pierce"

Mini-Série:
"Mildred Pierce"
("Downton Abbey")

Série - Drama:
"Mad Men"

Série - Comédia:
"Modern Family"

Este ano não faço nenhum liveblog portanto se alguém quiser seguir as minhas opiniões na cerimónia podem seguir-me no Twitter aqui.



   

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