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DIAL P FOR POPCORN

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WALL STREET (1987) / WALL STREET 2 (2010)

Como pensámos que seria curioso fazer uma espécie de comparação entre os dois filmes, fizemos uma espécie de crónica dupla. Cá vão as duas:


WALL STREET (1987), por Jorge Rodrigues:


"The point is, ladies and gentleman, that greed, for lack of a better word, is good.
Greed is right, greed works.
Greed clarifies, cuts through, and captures the essence of the evolutionary spirit."


"Wall Street" é, à falta de melhor palavra (e usurpando a citação do grande Gordon Gekko), bom. Nada de fantástico, nada de surpreendente, nada de inovador, apenas e só bom. É um filme mediano nas palavras e nas imagens, até mediano nalgumas das interpretações (Daryl Hannah, estou a falar de ti!), mas grande em termos de história e em termos de ambição.


Ambição tão grande como a de Buddy Fox (Charlie Sheen), um corrector de Wall Street, que sonha com vôos maiores. Sonha em ser um dos protegidos de Gordon Gekko (Michael Douglas), um investidor privado e empresário de grande sucesso com um olho intuitivo para grandes investimentos e apostas. Pois bem, sai-lhe a sorte grande e, subitamente, o jovem vê-se a ser ensinado por Gekko, que lhe explica como todo o sistema funciona e como retirar lucros dele. Rapidamente o jovem, fiel a Gekko, começa a usar as suas conexões na bolsa e a trocar informação ilegal para ajudar o seu mentor a realizar alguns dos seus projectos e começa também, sem se aperceber muito bem disso, a viver uma vida de luxo, nada a ver com a sua antiga, perdendo-se nos vícios, na luxúria, no sexo - com Darien (Daryl Hannah), mais uma das aliadas de Gekko - e no estatuto que a sua amizade com Gekko lhe dá.


Quando finalmente se apercebe do quão fundo está enterrado, Buddy vê-se numa enorme encruzilhada: trair o pai... ou trair o mestre? Até aqui, o filme é engraçado, entretido, um bom filme mainstream com uma história bem contada e com estrutura. Desde esta altura, o filme transforma-se numa verdadeira confusão que, ainda por cima, termina demasiado desconsoladamente (e previsivelmente) para quem esperava um grande desfecho, típico dos restantes filmes de Oliver Stone. Oliver Stone já nos trouxe grandes filmes de guerra, como "Platoon" e "Born on the Fourth of July" e neste "Wall Street" ele volta a tentar pegar na dicotomia entre as incongruências que existem no bem e no mal; contudo, desta vez, o filme falha o objectivo por entre a constante moralização dos personagens que Stone faz.


Uma interpretação fascinante de Michael Douglas (que mesmo assim não me parece meritória de um Óscar) - confere a Gekko uma irascível falta de moral e capacidade de manipulação que perturba e dá tudo o que tem em cada one-liner que Stone o manda despejar da boca para fora -  não compensa pela falta de alma e pela falta de emoção do resto do filme. Sheen (uma inocência e ingenuidade que não pegam num personagem ambicioso e egoísta como Buddy Fox é) e Hannah (se o seu objectivo era só ser alvo de atenções masculinas, objectivo conseguido) estão completamente errados para os seus papéis e Spader e Holbrook não têm material com que brilhar, sendo meros peões secundários para alavancar uma história bem elaborada mas muito mal desenvolvida. Salva-se a interessantíssima vida dos correctores de bolsa e empresários de então e a mais que óbvia relevância história e económica do filme (auxiliada pela bastante contemporânea banda sonora), bem a meio da década de 80, bem a par com a terrível crise financeira que se instalou na altura (a famigerada quebra da bolsa de valores, intitulada Segunda Feira Negra, que teve lugar a 19 de Outubro de 1987) e que tornou este filme num dos maiores relatos cinematográficos de um tempo, de uma época, de um estilo de vida. E já agora, tenho a dizer: o filme não envelheceu nada bem.

Nota Final:
B


Trailer:


Informação Adicional:

Ano: 1987
Realização: Oliver Stone
Elenco: Charlie Sheen, Michael Douglas, Daryl Hannah, James Spader, Hol Holbrook, Martin Sheen
Argumento: Stanley Weiser e Oliver Stone
Fotografia: Robert Richardson
Banda Sonora: Stewart Copeland
Duração: 126 minutos


WALL STREET 2: MONEY NEVER SLEEPS (2010), por João Samuel Neves:


"Stop telling lies about me and I'll stop telling the truth about you."

Monótono, Entediante, Confuso, Previsível. Fraco, Fraco, Fraco.


Foi com este sentimento que saí da sala de cinema na ultima quinta-feira. Fui ver "Wall Street 2" na tentativa de que Oliver Stone, de quem só consigo gostar do filme "Natural Born Killers" (uma espécie de prendinha de aniversário de Quentin Tarantino a Stone), me convencesse e me fizesse mudar a forma como encaro todos os seus filmes. Wall Street 2 é um filme que realmente bem podia ter ficado na gaveta. 5 euros deitados fora e mais de 2 horas do meu tempo completamente perdidas.


Neste filme, Jake Moore (Shia LaBeouf) é um jovem irreverente e promissor de Wall Street, que não se sabe muito bem como é que lá foi parar nem como se protege de todo o peito feito com que encara os altos cargos da bolsa. Como se isto não bastasse, é namorado de Winnie Gekko (Carey Mulligan) que, claro, é filha do lendário Gordon Gekko (Michael Douglas), algo que não é nada previsível e que fica tão bem num filme de domingo à tarde.


A história do filme resume-se em poucas linhas: Jake Moore trabalhava para Louis Zabel (Frank Langella), por quem era protegido e que o considerava como um filho. Após o suicídio de Zabel, Jake descobre que a culpa da ruína do seu patrão se deve à interferência de Bretton James (Josh Brolin) que utilizou a especulação para fazer as acções da Keller Zabel Investments cairem a pique e levarem Zabel ao desespero do suicídio. Decidido a arruinar o império de Bretton James, procura a ajuda e os conselhos de Gordon Gekko, que agora fora da prisão se limita a publicitar o seu livro. Em troca da sua ajuda, Jake convence Winnie a reunir-se novamente com o pai.



"Wall Street 2" é um verdadeiro jogo do gato e do rato, onde os escrúpulos e as boas intenções são postas de parte. Pontos positivos do filme? A fotografia e a banda-sonora.


Nota Final:
D

Trailer:


Informação Adicional:

Ano: 2010
Realização: Oliver Stone
Elenco: Michael Douglas, Shia La Boeuf, Frank Langella, Josh Brolin, Carey Mulligan
Argumento: Allan Loeb e Stephen Schiff
Fotografia: Rodrigo Prieto
Banda Sonora: Craig Armstrong
Duração: 133 minutos