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DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

Festejo comedido




As férias fizeram com que a data passasse ao lado, mas vá, mais vale com uma semana de atraso do que nada de todo. Aqui o estaminé perfez três anos de existência no passado dia 24 de Julho e eu nem uma mensagem reles lhe dediquei. Que vergonha. 

Depois de ter aparecido com a força toda no primeiro ano (à velocidade do Aníbal Santiago, com vários artigos por dia), o fulgor foi-se esvaindo com os anos de curso a complicar as coisas. O ano que vem adivinha-se mais complicado, ainda para mais sem a companhia do João (acho que já está na altura de eu o obrigar a terminar com a reforma, não vos parece?) e - talvez - com a disponibilidade do Gustavo, igualmente companheiro de curso, também a reduzir-se (para não falar da minha). Será um belo desafio.

Eu gosto de desafios. Manter a qualidade do blogue comprometendo (o possível) na quantidade. Tem sido assim já há mais de um ano. Gosto de saber que ainda temos quem nos lê, quem nos preste atenção e quem aprecie a nossa companhia, mesmo quando passamos muito tempo sem escrever. Nos últimos três anos vi a blogosfera crescer a olhos vistos, a oferta vai-se multiplicando e hoje em dia já quase tudo faz apostas aos Óscares, já quase tudo fala de televisão e cinema, os blogues de grande magnitude têm passado a sítios (o Ante-Cinema e o Portal Cinema já estão, o Antestreia é o próximo - estamos à espera Nuno! - e daqui a mais toca ao compincha Tiago Ramos a honra, já estou a ver), vi bloggers enormes quase sumirem por completo (o amigo Roberto Simões do belíssimo Cineroad é um óbvio exemplo) e vi bloggers timidamente a assumir o estatuto que a sua cultura cinéfila merece (Jorge Teixeira, Girl on Film, estou a falar convosco - entre muitos outros exemplos) - e conheci finalmente gente que gosta tanto da Meryl como eu (hello Catarina!).

Resumindo: a blogosfera cinéfila é um meio de cultura, por assim dizer, muito nutritivo e volátil. Torna-se difícil ser sempre novidade - e para mim dá-me um enorme agrado ver que ainda há muito amigo - na blogosfera e não só - que se dedica a visitar, que deixa um comentário, que elogia o que se faz.

E é isso que nos faz andar e querer sempre melhorar. (E, diga-se, é o que me faz não ir ainda pedinchar para a porta do ZB do TVDependente um cargozito qualquer, nem que seja massajador de pés do Manuel Reis durante os podcasts do TVD!) 

Para aqueles que nos seguem, o nosso enorme obrigado! 
Feliz aniversário, DPFP. Venham muitos mais.

Pausa.

Caros leitores,

Decidi que chegou a altura de fazer uma pausa enquanto colaborador do Dial P for Popcorn. O trabalho na Faculdade tem aumentado consideravelmente, ano após ano, e isso retira-me não só tempo para ir a uma sala de cinema com a regularidade que tanto gosto (e que um blogue de cinema exige) mas também e acima de tudo, o trabalho infindável retirou-me alguma da paciência e força de vontade de que tanto preciso para aqui escrever. Reflecti sobre a decisão durante algumas semanas e percebi que não fazia sentido prolongar uma actividade da qual já não retiro a mesma alegria e a mesma diversão dos primeiros anos. O blogue continuará muitíssimo bem entregue ao Jorge Rodrigues e à sua vastíssima e interminável cultura cinematográfica, a grande mais valia deste blogue. Continua, por isso, em boas mãos. Retiro-me também do Círculo de Críticos Online Portugueses, um projecto da autoria do nosso amigo Tiago Ramos, que integrei desde o início com muito orgulho e que sei, continuará a crescer e a ganhar a merecida notoriedade.

Antes de terminar, gostaria apenas de vos transmitir a desilusão que sinto ao ler notícias como esta ("Cinema perdeu quase um milhão de espectadores"). O Cinema é, hoje em dia, um produto de luxo. Pedir 6€ por um bilhete de Cinema é insultuoso e só serve de repelente para uma população que, infelizmente, tem sido educada nos últimos anos à base de tele-novelas e filmes de "domingo à tarde". Se o bilhete de cinema custasse 2€, as Salas de Cinema estariam, provavelmente, bastante mais preenchidas. Ganhavam as distribuidoras (que deixavam de ter ruinosas sessões com salas de cinemas às moscas) e ganhava o povo português, que assim tinha a oportunidade de conhecer novas realidades, colorindo visões tacanhas e formatadas.

Quando se defende a Cultura em Portugal, nunca se fala do preço exorbitante do bilhete de Cinema. Secalhar é altura de começar a pensar nisso.


Até Breve,

João Samuel Neves

O novo número 1 de 2013


A caminho de metade de 2013, chega a nº 1 o meu filme favorito de 2013. "No", de Pablo Larraín, consegue dos jurados do Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP) a pontuação de 8,43 (com duas notas 10, uma delas a minha) e assim, além de triunfar no mês de Abril, assume a liderança da tabela dos melhores filmes do ano. Escusado será dizer - merecido. O pódio mensal é partilhado com "Los Amantes Pasajeros" de Almodovar e "Faust" de Sukurov. Boa companhia para se estar.

Podem consultar no blogue oficial do CCOP as listas deste e de outros meses.


OS FILMES QUE NÃO VAI QUERER PERDER! - MAIO/JUNHO

Terminadas as estreias em atraso dos melhores filmes de 2012 e com os principais festivais europeus prestes a começar (Cannes arranca já dia 15 de Maio!), nos próximos meses vamos ter muito cinema mau, muito filme que não vai justificar o dinheiro do bilhete que vai pagar, muito filme que o vai fazer sentir-se roubado, defraudado e descaradamente enganado. 

Por isso mesmo, decidi juntar aqui alguns dos filmes que, durante os próximos meses, vão passar pelos cinemas portugueses e que, garantidamente, não vai querer perder. Para não confundir o leitor, e também porque algumas das estreias de Julho, Agosto e Setembro ainda estão por confirmar, começo com uma pequena lista com aquilo que poderá contar nos próximos dois meses. Uma aposta pessoal:




THE GREAT GATSBY 
Estreia dia 16 de Maio







BEYOND THE HILLS
Estreia dia 30 de Maio








BEFORE MIDNIGHT
Estreia dia 6 de Junho







STAR TREK - INTO DARKNESS
Estreia dia 6 de Junho







NOW YOU SEE ME
Estreia dia 13 de Junho







THE PLACE BEYOND THE PINES
Estreia dia 27 de Junho







MAN OF STEEL
Estreia dia 27 de Junho


LOS AMANTES PASAJEROS (2013)


Pedro Almodóvar é um dos meus argumentistas de eleição. Depois da assombrosa história de "La piel que habito", de 2011, o realizador espanhol decidiu voltar ao seu estilo característico, que notabilizou o princípio da sua carreira como criador de comédias simples, de um estilo barato, brejeiro e invulgarmente popular. Ainda hoje  "¿Qué he hecho yo para merecer esto!!", de 1984, e "Mujeres al borde de un ataque de nervios", de 1988, são duas das minhas comédias favoritas. 


Mas em Los Amantes Pasajeros foi, talvez, longe demais. Não é fácil caricaturar rótulos, ainda para mais quando falamos de temas tão controversos como a homossexualidade, o sexo, as dependências e os tabus sociais. Meter tudo isto na classe executiva de um avião com destino à Cidade do México e, no final, construir um filme de sucesso, não era tarefa fácil. A reacção na sala de cinema foi positiva (felizmente o novo filme de Tom Cruise tem permitido algum sossego nas restantes salas de cinema) mas acredito que para alguns espectadores, Almodóvar tenha cometido alguns exageros. Eu próprio, que gostei bastante do filme, ao reflectir um pouco no final, penso que o tema da homossexualidade sai ligeiramente denegrido de um filme que, me parece, tinha como propósito libertar mentes e quebrar complexos, no mais informal Almodóvar dos últimos anos.


Num ambiente relaxado, com as caras mais conhecidas dos seus filmes, o espectador atento e interessado, há muito convencido pelo espanhol e disposto a entrar na brincadeira de Almodóvar, não dará pelo tempo passar. A viagem é rápida, divertida e animada. Tem, pelo meio, um minuto de filme verdadeiramente louco (onde a sala de cinema emudeceu perante o choque e a ousadia das cenas) e termina de forma alegre com um tema muito bem escolhido do mais recente álbum da banda inglesa Metronomy. Uma cartada de mestre, a deixar bem claro que, mesmo a brincar, Almodóvar sabe o que está a fazer.


Nota Final 
B+ 
(8/10)


Trailer


Informação Adicional
Realização: Pedro Almodóvar
Argumento: Pedro Almodóvar
Ano: 2013
Duração: 90 minutos

THIS IS 40 (2012)



Nem só de bons filmes se faz um blogue de cinema, não é verdade? Neste caso, sinto-me na obrigação, no dever cívico, de avisar todos os que ainda acreditam em Judd Apatow e todos os que, não conhecendo nem se preocupando com quem é o individuo, apostam o seu tempo, o seu dinheiro e a sua disposição num filme de tão insultuosa categoria. Apatow foi chão que já deu uvas. E Nuno Markl, no seu característico estilo, atribuiu-lhe a alcunha de sucessor de Woody Allen. Tem razão, se estivermos a falar do Woody Allen de You Will Meet a Tall Dark Stranger


This is 40 é terrível. É péssimo. É muito muito muito mau. O objectivo? Fazer uma comédia baseada nos dramas de uma geração que, criada num mundo em transformação, progressivo e inovador, se aproxima da meia idade e começa a dar lugar a uma geração jovens, descomplexada e irreverente. O resultado? Uma história patética, pindérica, supérfula, materialista, numa família de novos ricos (aparentemente baseada na própria família de Apatow) que consegue, ainda, cometer um pecado capital de revelar, sem qualquer pudor ou respeito pelo espectador, um spoiler explícito do final da série Lost.

Os dramas da família de Apatow começam na falta de bateria do iPad. Não queira saber onde acabam.


Nota Final:
(0/10)


Trailer:



Informação Adicional:
Realização: Judd Apatow
Argumento: Judd Apatow
Ano: 2012
Duração: 134 minutos

SIDE EFFECTS (2013)


Fui ao cinema depois de uma prolongada ausência. Mais voltado para os livros e com uma penosa seca cinematográfica até Outubro, confesso-me com pouca paciência para a 7.ª Arte. No entanto, com saudades da cadeira, da sala, do grande ecrã, obriguei-me a escolher um filme e arrastei-me até ao centro comercial sem grandes expectativas. Depois de Magic Mike, fiquei na dúvida se Steven Soderbergh ainda teria algo de refrescante para oferecer, algo que me recordasse estar a ver o novo filme do realizador do espectacular Traffic. O elenco atraiu-me. Bem, (e que a minha Rita me perdoe) Rooney Mara atraiu-me. Está ainda longe de tudo daquilo que nos vai mostrar (Millenium 1 foi obviamente brutal, mas acredito que conseguirá ainda melhor) e em Side Effects volta a demonstrar uma qualidade e uma consistência invulgares para a sua idade e para a sua experiência.


O argumento do filme é um belo pedaço de história. E uma ideia criativa, rebuscada e bem trabalhada. Começamos com um bem-vestido Jude Law, no papel o sofisticado e bem sucedido psiquiatra Jonathan Banks, que numa atarefada noite de trabalho, recebe na urgência do Hospital uma jovem com um traumatismo provocado por um insólito acidente. Emily Taylor (Rooney Mara) acabara de tentar suicidar-se ao embater propositadamente com o seu carro contra a parede de um estacionamento subterrâneo. Intrigado com a situação e interessado em rechear a sua carteira de clientes, Dr. Banks convida-a a visitar o seu consultório uns dias mais tarde.


Conhece então a sua história. Emily, já com um historial psiquiátrico de relevo (visitara, com frequência, a psiquiatra Victoria Siebert (Catherine Zeta-Jones) alguns anos antes), é uma jovem que vive um momento conturbado na sua vida. O seu marido tinha sido recentemente libertado de 4 anos de prisão e, a necessidade de se adaptar e de se reajustar à sua nova realidade depois de vários anos de saudade, solidão e dor, pareciam demasiado fortes, demasiado pesados para a sua bagagem. Aconselhado por Dr. Siebert, Dr. Banks prescreve a Emily um novo anti-depressivo, altamente publicitado e com francos e públicos sucessos. No entanto, tudo se altera quando Emily começa a manifestar alguns inesperados efeitos secundários que, num ápice, transformam a paradisíaca rotina de Jonathan Banks, num desesperante beco sem saída. Efervescente, surpreendente e muito bem construído, Side Effects é toda uma surpresa. Do princípio ao fim. Aconselho-o ao leitor.

Nota Final: 
(7/10)


Trailer:



Informação Adicional:
Realização: Steven Soderbergh
Argumento: Scott Z. Burns
Ano: 2013
Duração: 106 minutos

[Antevisão] CHASING ICE


Por pouco que passava despercebido ao Dial P for Popcorn. E, infelizmente, será difícil (senão mesmo impossível) vê-lo nos cinemas portugueses. Mas não podia deixar de vos falar de Chasing Ice e de pelo menos tentar incutir-vos a curiosidade que este documentário me despertou. É uma forma original, corajosa e inovadora de tentar demonstrar o caminho infeliz para o qual o mundo moderno no empurra. O visionário  James Balog decidiu pegar nas suas milhentas câmaras, instalá-las em pontos estratégicos dos Pólos e acompanhar o degelo dos grandes icebergues. Com imagens de uma qualidade tremenda, que mereciam a qualidade do grande ecrã, que obrigam à compra da versão Blu-Ray, este documentário tem ainda o bónus de uma banda sonora igualmente promissora. Com voz de Scarlett JohanssonJoshua Bell, Before My Time (nomeada para os Oscars deste ano na categoria de Melhor Música), é seguramente uma das mais sentimentais baladas que ouvi nos últimos anos.

Aqui deixo o Trailer e a Música nomeada. Aconselho-o vivamente ao leitor. Veja e desfrute. Eu vou continuar à espera que o filme chegue a Portugal. Ou, em último caso, pelo Blu-Ray, que estará à venda a partir do dia 10 de Junho.