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DIAL P FOR POPCORN

DIAL P FOR POPCORN

GANGSTER SQUAD (2013)


Comecei a antevisão a este filme bem antes da sua chegada a Portugal. Era impossível ficar indiferente perante um elenco tão bem cotado. A juntar a isto, o facto de estarmos perante uma história verídica que ocorreu nos tempos loucos de uma Los Angeles em completa ebulição. Uma sociedade que se começou a descobrir nos primeiros anos após a Segunda Grande Guerra, deu espaço ao crescimento de novos e ambiciosos criminosos. 


Mickey Cohen (Sean Penn) é o rosto e a força motriz deste filme. Um criminoso sem escrúpulos, líder absoluto de um poderoso gang que, paulatinamente, vai conquistando a Costa Oeste, é idolatrado pelos seus súbditos e respeitado por alguns dos mais importantes homens da justiça de LA. Sem conseguir ficar indiferente perante a passividade e a cumplicidade de alguns dos seus colegas e temendo um futuro negro para a sua cidade, o detective John O'Mara (Josh Brolin) decide reunir um grupo de leais e corajosos polícias, nos quais se incluem Jerry Wooters (Ryan Gosling) e Conway Keeler (Giovanni Ribisi), que se dispõe a abdicar de tudo para destruir o império de Mickey Cohen e acabar com o submundo do crime e da corrupção.


É uma história/argumento ambicioso. E em alguns dos seus aspectos técnicos, Gangster Squad consegue atingir os objectivos a que se propôs. Vemos cenários trabalhos com cuidado, numa tentativa de representar de forma fiel e natural o principio dos Anos 50. Temos, também, personagens bem caracterizadas e perfeitamente enquadradas no espaço temporal do filme. Mas fica a faltar qualquer coisa. Há algumas falhas clamorosas na realização e na montagem do filme (em especial nas cenas de acção, feitas de forma um tanto ou quanto atabalhoada) e Ruben Fleischer poderia, claramente, ter aproveitado melhor a matéria prima que tinha em mãos. No entanto, é um filme divertido, que consegue entreter durante os seus 113 minutos. No final, valeu o dinheiro do bilhete.

Nota Final 
(6,5/10)


Trailer



Informação Adicional
Realização: Ruben Fleischer
Argumento: Will Beall, Paul Lieberman
Ano: 2013
Duração: 113 minutos

[Comentário] Óscares 2013




Eu tentei não o fazer. Até porque estes prémios merecem cada vez menos o meu respeito. Mas o que aconteceu ontem foi demasiado chocante, demasiado óbvio, demasiado provocante. Não é por acaso que o Melhor Filme não recebe sequer a nomeação de Melhor Realizador. Não é por acaso que nos últimos anos passámos a ter 9-10 nomeados na categoria de Melhor Filme. E não é por acaso que os prémios foram equitativamente distribuídos pelos principais filmes. Por isso mesmo, na noite de ontem, os grandes vencedores foram...












Parabéns aos Vencedores! O trabalho de bastidores surtiu efeito e todos os filmes vão ter um prémio numa das principais categorias da Academia para poder destacar em grande plano na capa do DVD e do Blu-ray. Ganham uns. Perde o Cinema.


OS MELHORES DE 2012, por João Samuel Neves

Numa lista um pouco condicionada por alguns filmes que ainda não tive oportunidade de ver porque apenas vão estrear em Portugal nas próximas semanas (casos de Mud, The Hunt e de No, que aguardo com enorme expectativa), aqui vai a lista completa dos meus filmes, realizador, argumento e actores favoritos em 2012!

 Os Melhores de 2012


Melhor Filme - Amour, de Michael Haneke

2.º - Django Unchained, de Quentin Tarantino

3.º - The Master, de Paul Thomas Anderson

4.º - Moonrise Kingdom, de Wes Anderson

5.º - Argo, de Ben Affleck

6.º - Tabu, de Miguel Gomes

7.º - Searching for Sugarman, de Malik Bendjelloul

8.º - The Imposter, de Bart Layton

9.ºSilver Linings Playbook, de David O. Russell

10.º - Les Misérables, de Tom Hooper



Melhor Realizador - Wes Anderson por Moonrise Kingdom



Melhor Argumento - Quentin Tarantino por Django Unchained



Melhor Actor - Joaquin Phoenix, em The Master



Melhor ActrizEmmanuelle Riva, em Amour

MELHOR ACTOR 2012

Começo hoje a divulgação daqueles que foram os meus favoritos desta Temporada que agora termina. A poucos dias dos Oscars, aqui ficarão, até ao próximo sábado, os Melhores de 2012.


E o prémio de Melhor Actor de 2012 não vai para Daniel Day-Lewis no papel de Lincoln. Aliás, é este o maior elogio que se pode fazer à monstruosa e intemporal interpretação de Joaquin Phoenix em The Master: É, a grande distância e sem contestação, o Melhor, num ano em que Day-Lewis foi novamente fenomenal. Interpretando o papel de um ex-soldado, Freddie Quell é um exemplo de livro sobre os efeitos traumáticos de uma Grande Guerra. Alcoólico, Psicótico, Paranóico e Ninfomaníaco. Um homem completamente perdido, a viver de forma intensa e irracional todos os momentos, que busca uma voz de comando. Uma assombrosa interpretação.

E, ao que tudo indica, o Oscar de Melhor Actor Principal cairá para Day-Lewis.

SILVER LININGS PLAYBOOK (2012)


"I'm just the crazy slut, with a dead husband! Fuck you!"

David O. Russell é um realizador extremamente completo. É, graças ao seu trabalho nos últimos anos, um dos meus realizadores favoritos. A versatilidade dos seus projectos e a forma trabalhada e dedicada com que os apresenta, fazem dele um realizador habitualmente bem recebido (não só pelos espectadores, como também pela Academia). E Silver Linings Playbook é um projecto que, de tão improvável nas mãos de O. Russell, tinha tudo para ser bem conseguido. É uma história moderna (e isso é muito bom, num ano em que os melhores filmes nos falam de tempos idos e histórias passadas) e utiliza dois dos rostos mais simpáticos e unânimes de Hollywood: Bradley CooperJennifer Lawrence, secundados pelo lendário Robert De Niro, num dos mais descomprometidos papéis da sua carreira (que, curiosamente, lhe poderá valer mais um Oscar!)


Numa sociedade carregada de problemas, os psicotrópicos são os melhores amigos das almas mais frágeis. E porque quem cria os psicotrópicos não é parvo, este novo melhor amigo do homem tem, em alguns casos, a fantástica capacidade de juntar ao vício, a capacidade queimar os poucos fusíveis que ainda se encontram sãos. É o caso de Pat (Bradley Cooper), um trintão que descompensa por completo dos seus delírios paranóicos após encontrar a sua ex-mulher em flagrante traição com um colega de trabalho. Após meses internado, Pat recebe um voto de confiança dos seus médicos e regressa para a sua casa. Pleno de energias e decidido a reconquistar a sua ex-mulher, o caminho tortuoso para a dura realidade da rejeição coloca-o em rota de colisão com a depressiva Tiffany (Jennifer Lawrence), de costas voltadas para o mundo desde a dolorosa separação do seu ex-namorado.


Uma história suave, um filme leve, bem disposto e sempre positivo. A prova de que a felicidade está onde menos a esperamos encontrar e de que tudo na vida é uma simples questão de perspectivas  Uma dupla de sucesso que conseguiu rechear o filme de nomeações para as principais categorias dos Oscars (o primeiro a conseguir nomeações em todas as principais categorias! - Diz-se até que foi David O. Russell quem retirou a Ben Affleck a tão merecida nomeação por Argo), que é, tal como tudo aquilo que O. Russell faz, um sucesso. O futuro é tão risonho para o realizador Nova-iorquino.

Nota Final
B+ 
(8/10)


Trailer



Informação Adicional
Realização: David O. Russell
Argumento: Matthew Quick e David O. Russell
Ano: 2012
Duração: 122 minutos

SEARCHING FOR SUGAR MAN (2012)


A poucos dias de vencer o Oscar para Melhor Documentário, depois de ter coleccionado prémios, nomeações e um profundo reconhecimento em alguns dos principais festivais e prémios da Sétima Arte (Sundance, PGA e BAFTA, por exemplo), aparece aqui no Dial P for Popcorn como o meu documentário favorito de 2012. Não vi uma parte (considerável) dos restantes, é certo, mas a lendária história de Sixto Rodriguez é de uma brutalidade tal, que transforma um documentário numa história/romance surpreendente e intrigante. Com uma banda-sonora tão viciante e refrescante, é impossível não idolatrar esta voz.


Estamos na década de 70, quando o boom nas empresas discográficas e na difusão da música nos Estados Unidos, dá lugar ao aparecimento de estrelas que se tornaram imortais e que inspiraram/inspiram uma boa parte dos músicos e da sociedade moderna. Jimi Hendrix, Janis Joplin, Bob Dylan, apenas para citar alguns nomes. Se qualquer um deles é uma incógnita para o leitor, o seu caso é grave. No entanto, se o nome Sixto Rodriguez era, para o leitor, uma incógnita, Searching For Sugar Man vai apresentar-lhe uma das mais dramáticas e inesperadas estrelas da história da música.


Estamos perante um fenómeno que o tempo teimou em apagar. Uma lenda. O verdadeiro Bob Dylan. Sixto Rodriguez, um jovem cantor Folk, vê a sua carreia ser precocemente abortada pelas fracas vendas dos seus dois álbuns. Tudo o que ficou desse tempo, na então dura e cruel cidade de Detroit, foram as memórias e a mágoa pelo desaparecimento de uma das mais inspiradoras vozes que a América alguma vez tinha ouvido. No entanto, do outro lado do Atlântico, num país de costas voltadas para o mundo, onde a sociedade fervilhava e se preparava para explodir com o Apartheid, Rodriguez era uma das vozes que inspirava uma sociedade jovem, rebelde e plena de irreverência. Era a voz de comando, o ídolo, o mentor que reforçava as ideias de um país que lutava pela igualdade e pela liberdade. Searching For Sugar Man é o documentário que levanta o pano que encobria um dos mais enigmáticos songwriters da história. É o reencontro com um ícone que se julgava  há muito na companhia de Hendrix ou de Joplin. É o renascer de uma lenda.


Nota Final
B+ 
(8/10)


Trailer



Informação Adicional
Realização: Malik Bendjelloul
Argumento: Malik Bendjelloul
Ano: 2012
Duração: 86 minutos

[Antevisão] THE HUNT de Vintenberg e MUD de Jeff Nichols

Aclamados na Edição de 2012 do Festival de Cannes, tardam a chegar a Portugal duas das maiores promessas de 2012. Infelizmente já não entrarão no conjunto de filmes elegíveis para os TOP 10 de 2012. The Hunt estará nos cinemas portugueses a partir do dia 7 de Março, Mud (o novo filme de Jeff Nichols, realizador de Take Shelter) ainda não tem data de estreia para Portugal.






























DJANGO UNCHAINED (2012)



"I like the way you die, boy."

Não sou um fan irracional de Tarantino. Aceito que se encontra um pouco sobrevalorizado, quase histericamente valorizado, embora goste da grande maioria dos seus filmes. Depois de um Inglourious Basterds bastante inglório, o que vi em Django Unchained surpreendeu-me a TODOS os níveis. Não contava que, 20 anos depois de surpreender o mundo com Pulp Fiction, Tarantino ainda fosse capaz de criar uma obra tão irreverente quanto refrescante, não só na sua carreira mas também naquilo que têm sido os últimos anos do cinema americano. Entrando pela primeira vez no seu (que é também o meu) género de cinema favorito, o Western, percebe-se que Django Unchained não é apenas mais um filme de Tarantino. É uma  demonstração categórica do potencial monstruoso que existe dentro de Tarantino. É, de longe, o seu melhor filme desde Pulp Fiction (tão bom quanto a sua consagrada obra), perdendo apenas para o inigualável Reservoir Dogs (vamos voltar a ter um primeiro filme tão brutal para o cinema quanto este?).

Aproveitando um leque bem recheado com actores de uma tremenda qualidade (quem pode, pode...), numa mistura invulgar (quem imaginava, há meia dúzia de anos atrás que DiCaprio e Samuel L. Jackson, ou mesmo Jamie FoxxChristoph Waltz seriam compatíveis?) magistralmente aproveitada e enriquecida pela narrativa de Tarantino, embalada por uma moderna, cativante e empolgante banda-sonora, paradoxal num Faroeste Americano tipicamente cheio de espingardas, cavalos e homens de barba rija (Sergio Leone estará certamente feliz). É a Melhor Banda-Sonora do Ano. Que se ouve vezes sem conta, numa repetição frenética e viciante. Nas notas individuais, e começando por Christoph Waltz, a personagem de Dr. King Schultz, um letal e implacável caçador de bandidos, que viaja pelo país disfarçado de dentista, é uma desilusão pelo facto de se tratar de uma reciclagem da personagem que desempenhou em Inglourious Basterds. Começo mesmo a achar que Waltz é apenas brilhante no papel do personagem germânico às ordens de Tarantino. É obviamente uma boa interpretação. Mas não traz nada de novo àquela surpreendente interpretação de há 3 anos.


Por outro lado, a melhor personagem do filme veio de onde menos se podia esperar. Samuel L. Jackson. Esse mesmo. No papel de um mordomo racista, autoritário e implacável, de uma lealdade profunda ao detestável Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), proprietário de frondosas e intermináveis fazendas, numa exploração sem escrúpulos de negros, é uma interpretação de uma dificuldade técnica tremenda, deixando boquiabertos muitos dos que julgavam sentenciada a carreira do homem que proferiu o salmo mais famoso da história do cinema. Juntamente com um competente e empenhado Jamie Foxx (Ray não foi um engano), são dois dos segredos do sucesso na história de Django, um escravo que luta pela sua liberdade, ao longo de uma jornada longa, intensa e turbulenta, num filme que alguns consideraram demasiado longo. Já vi filmes com menos de 100 minutos demorarem bem mais a passar. E porque estamos perante uma obra-de-arte, o espectador merece desfrutar de uma lição de cinema de um dos mais brilhantes criadores da história da sétima arte. São 165 minutos do melhor Tarantino dos últimos 20 anos. E estão no cinema, para o leitor desfrutar deles.

Nota Final 
A- 
(9,5/10)


Trailer



Informação Adicional
Realização: Quentin Tarantino
Argumento: Quentin Tarantino
Ano: 2012
Duração: 165 minutos